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CEO da Apple propõe reforma fiscal nos EUA para impulsionar repatriamento de capitais
O presidente da Apple vai propor uma simplificação do código fiscal que poderá permitir que as empresas norte-americanas repatriem mais capitais, que poderão usar para remunerar accionistas e financiar projectos de investimento ou a actividade.
Tim Cook (na foto), presidente executivo (CEO) da Apple, será ouvido no Congresso norte-americano durante a próxima semana e vai propor uma “simplificação dramática” do código fiscal. Uma das propostas passará pelo imposto que incide sobre o capital repatriado e que é de 35%, “um número muito alto”, segundo disse o CEO em entrevista ao Washigton Post.
A Apple detém uma posição de liquidez de 137,1 mil milhões de dólares (106,4 milhões de euros), mas mais de dois terços do capital está parqueado em subsidiárias estrangeiras. Nos Estados Unidos, a empresa detém 43,1 mil milhões de dólares e planeia distribuir 100 mil milhões pelos accionistas nos próximos dois anos. Para o fazer, decidiu emitir dívida no final de Abril.
“Hoje, para repatriar dinheiro para os EUA, tem de se pagar [uma taxa de] 35%. E esse é um valor muito elevado”, disse Cook ao jornal com sede na capital norte-americana. “Não defendemos que [a taxa de imposto] seja nula. Sei que alguns dos nossos pares apoiam isso. Eu não tenho essa opinião, mas acho que deve ser razoável”, acrescentou.
Para distribuir capital aos accionistas, a Apple tenciona utilizar o capital que detém nos EUA, bem como o capital que gerar através da sua actividade até 2015. Para além disso, emitiu obrigações de taxa fixa e de taxa variável no valor de 17 mil milhões de dólares. Para a empresa, o baixo custo a que consegue financiar-se é mais vantajoso do que pagar os impostos de repatriação de capitais.
Justifica-se assim que Tim Cook vá ao Congresso sugerir alterações às regras fiscais que permita às empresas repatriarem capital um custo mais baixo.
O jornal norte-americano cita um estudo do JPMorgan que conclui mais de mil empresas norte-americanas detêm 1,7 biliões de dólares no estrangeiro. Muitas empresas consideram que a taxa de imposts que incide sobre os capitais repatriados é excessiva nos EUA, superando a que é cobrada noutras economias desenvolvidas.
A alteração poderá permitir que as empresas reforcem a sua posição de liquidez. Já o Estado norte-americano poderá ver as receitas do imposto aumentarem, com mais empresas a decidirem repatriar capital.