O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse esta quarta-feira em entrevista à RTP3 que não irá apresentar uma candidatura à Presidência da República, quando era apontado como um dos principais nomes do centro-esquerda para disputar a corrida eleitoral para a chefia do Estado.

"Não vou ser candidato à Presidência da República. Não está no meu horizonte que isso aconteça. É uma decisão pessoal, tomada no meu círculo pessoal, no círculo da minha família, da visão pessoal e profissional que tenho de mim mesmo e do que quero fazer no futuro", disse o também ex-ministro das Finanças.

Questionado sobre as sondagens que o apontam como sendo o nome mais bem posicionado da esquerda para chegar ao Palácio de Belém, Centeno disse que não quer "sobrevalorizá-las nem subvalorizá-las".

"Há uma projeção na sociedade portuguesa daquilo que é ou foi a minha intervenção como ministro ou governador e isso reflete-se nessa avaliação", disse Centeno. "Fico satisfeito que haja uma avaliação com eco daquilo que tem sido o desempenho das minhas funções, mas é só isso", referiu.

A decisão foi "totalmente pessoal", "muito amadurecida" e "não teve nenhuma dimensão política", disse Centeno, que deu a entender que Pedro Nuno Santos, líder do PS, terá sido informado. "Comuniquei a um conjunto de pessoas com quem tenho falado numa lógica de não saberem apenas quando esta conversa fosse para o ar".

A decisão abre caminho para que Centeno, cujo mandato termina em julho, possa ser reconduzido nas funções de governador do Banco de Portugal. Questionado sobre a continuidade, Centeno referiu: "O meu foco é esse: completar o meu mandato. Há um segundo mandato. Nunca desempenhei as minhas funções para passar com 10", disse. "Estou a desempenhar as minhas funções com esse fito", acrescentou.  

Sobre a intervenção política futura, Centeno prefere manter reserva. "A minha função é ser governador é aí que estamos e é aí que quero que fiquemos".