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Argentina muda de ministro das Finanças
O novo ministro das Finanças, Hernán Lacunza, tem boa sintonia com o presidente do Banco Central, Guido Sandleris, e é considerado um economista com maior jogo de cintura política, diferente do ministro que sai, de um perfil mais técnico.
O ministro das Fianças da Argentina, Nicolás Dujovne, renunciou ao cargo, no meio de uma crise político-económica, e será substituído pelo atual ministro da Economia da província de Buenos Aires, Hernán Lacunza.
Fontes governamentais anunciaram que Dujovne escreveu uma carta de renúncia ao presidente da Argentina, Mauricio Macri, na qual diz "ter posto tudo de si" e na qual também reconhece "ter cometido erros".
"Faço isto convicto de que, em virtude das circunstâncias, a gestão que lidera precisa de uma renovação definitiva na área económica", diz Dujovne na carta que enviou a Macri e divulgada à imprensa.
"Como bem sabe, pus tudo de mim, tanto pessoal quanto profissionalmente, para contribuir na construção de uma Argentina diferente, moderna, integrada ao mundo, plural e com os equilíbrios macroeconómicos, necessários para um desenvolvimento sustentável", explica.
"Sem dúvidas, cometemos erros que nunca deixamos de reconhecer e fizemos tudo o que foi possível para corrigir", admite.
Nicolás Dujovne assumiu o Ministério da Finanças em janeiro de 2017, quando o Governo de Maurico Macri tinha alta popularidade e iniciava um ano de crescimento económico, depois de três anos de um país em recessão. A partir de abril de 2018, a sorte de Dujovne inverteu-se, passando o ministro a ser o negociador de um pacote financeiro de ajuda de 57 mil milhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional.
Hernán Lacunza suspendeu as suas férias na Patagónia para viajar de emergência no avião presidencial até à residência oficial de Olivos onde se reuniu com o Presidente Mauricio Macri. O resultado da reunião foi a sua confirmação como novo ministro das Finanças.
Lacunza assume um país à mercê de fortes turbulências económicas. Durante a semana, o peso argentino perdeu 29% do seu valor face ao dólar (com um pico de desvalorização de 34% até quarta-feira) e a taxa de risco-país subiu 120%.
O Presidente Mauricio Macri que havia negado mudanças no seu gabinete de ministros por "não acreditar em mudanças simbólicas" cedeu à pressão de dirigentes políticos da própria coligação de governo.
A posição do agora ex-ministro Nicolás Dujovne tornou-se vulnerável depois do resultado das eleições primárias, no domingo passado, quando o candidato opositor, Alberto Fernández em associação com a ex-presidente Cristina Kirchner, ganhou as eleições por 47% com 15 pontos à frente de Mauricio Macri, candidato à reeleição.
Num país em que um candidato requer apenas 45% para ser eleito na primeira volta em 27 de outubro, a diferença desfavorável de Macri é considerada praticamente irreversível pelos analistas políticos.
A principal razão para a inesperada diferença de 15 pontos que as urnas revelaram é a recessão económica combinada com uma inflação galopante de 54,4% nos últimos 12 meses.
Mauricio Macri anunciou um pacote de medidas fiscais e económicas consideradas pelo próprio Presidente como um "alívio" para os próximos meses de aumento da inflação a partir da nova desvalorização do peso.
O novo ministro das Finanças, Hernán Lacunza, tem boa sintonia com o presidente do Banco Central, Guido Sandleris, e é considerado um economista com maior jogo de cintura política, diferente do ministro que sai, de um perfil mais técnico.
Enquanto Dujovne era mais vinculado com os mercados, Lacunza é mais vinculado com o mundo político, uma virtude num período de campanha eleitoral. Nesse sentido, Macri faz também uma aposta num perfil de ministro que possa responder publicamente aos ataques da oposição à sua política económica. O objetivo é dar sinais de ter escutado a mensagens das urnas e tentar mostrar uma mudança de rumo a 70 dias das eleições.