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Quantum diz que tribunal inglês desbloqueou gestão do Fundo Soberano de Angola

Os 3.000 milhões de dólares que a Quantum Global geria em representação do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) foram desbloqueados por ordem da Justiça britânica, informou o presidente e fundador da empresa.

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31 de Julho de 2018 às 23:49
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A informação consta de um comunicado da Quantum Global enviado à agência Lusa, no qual o fundador da empresa, o suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, que está a ser investigado pela Justiça angolana no âmbito deste processo, refere que o juiz de um tribunal inglês retirou "a ordem de congelamento na sua totalidade" daqueles investimentos do FSDEA.

 

"Sempre acreditei que a verdade e os factos sobre o nosso trabalho com o Fundo angolano seriam divulgados", afirmou o empresário, aludindo à ordem internacional de bloqueio destes verbas e investimentos por parte das autoridades angolanas.

 

A Quantum Global refere que, na audiência desta segunda-feira - sem especificar o tribunal em causa - apresentou "evidências" e mostrou "que a empresa havia administrado os fundos do FSDEA sob contratos válidos com relatórios rigorosos e transparentes", mas também que as taxas e comissões que cobra "estavam de acordo com os padrões da indústria" e "que o mandato de gerenciamento do Fundo foi obtido após um rigoroso processo de selecção, e que os conflitos foram devidamente declarados".

 

"A ordem de congelamento tem impactado fortemente nossos projectos de investimento em Angola e em África, e causou sérias dificuldades aos nossos funcionários em Angola, Ilhas Maurícias e Suíça, já que muitos deles não são pagos há meses. Continuo aberto a uma resolução negociada para a nossa disputa, para que possamos continuar a contribuir para o crescimento económico e a prosperidade de Angola e África", anunciou Jean-Claude Bastos de Morais.

 

O antigo presidente do conselho de administração do FSDEA, José Filomeno dos Santos, está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, num processo sobre a gestão de activos daquela instituição, confirmou anteriormente à Lusa aquela instituição.

 

De acordo com a fonte da Procuradoria-Geral da República de Angola, a investigação visa "alguns aspectos" da gestão do FSDEA - constituído com 5.000 milhões de dólares injectados pelo Estado - e além de José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, envolve igualmente o seu sócio, Jean-Claude Bastos de Morais, presidente e fundador da Quantum Global, empresa que geria a maior parte dos activos do fundo, entretanto afastada das funções pelo governo angolano.

 

Ambos já foram ouvidos neste processo, de acordo com a mesma fonte.

 

José Filomeno dos Santos, exonerado do cargo de presidente do FSDEA pelo novo chefe de Estado angolano, João Lourenço, em Janeiro último, foi já constituído arguido este ano, noutro processo, neste caso envolvendo a alegada transferência indevida de 500 milhões de dólares para um banco britânico, entretanto devolvidos a Angola.

 

Numa entrevista recente, João Lourenço disse estar "à caça" dos recursos do FSDEA. "Estamos num processo de procurar reaver esses mesmos recursos. Como sabe, foram colocados à disposição do Fundo Soberano 5.000 milhões de dólares - nesta altura deveria existir mais do que isso - porque aquilo é um fundo de investimento e quando se investe, o objectivo é multiplicar os recursos. O que sabemos é que temos menos do que esse valor inicial e mesmo assim temos uma ideia de onde é que esses recursos estão: nas Maurícias, em Inglaterra, noutros cantos do planeta, e estamos neste momento num processo de reaver esses mesmos recursos", afirmou.

 

O Presidente angolano acrescentou que "o normal seria, no acto de transferência de pastas, de um conselho de administração para o outro", o anterior conselho de administração "abrir o jogo de forma transparente e dizer onde esses recursos estão". "Isso não aconteceu e se aconteceu não foi convincente", afirmou João Lourenço, numa alusão à forma como José Filomeno dos Santos conduziu o FSDEA.

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