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Portugal e Angola já não têm irritante. Falta ganhar a confiança
A diplomacia portuguesa está a trabalhar para que António Costa visite Angola ainda este ano. As empresas passaram ao lado do congelamento das relações políticas entre os dois Estados.
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"Não posso dizer que as relações económicas vão melhorar porque, na verdade, não pioraram". É assim que o líder de uma organização empresarial, sob anonimato, responde à pergunta: a transferência do processo Manuel Vicente vai ajudar a melhorar o ambiente de negócios bilateral?
O desfecho do caso do antigo vice-presidente angolano teve, contudo, um efeito imediato. Tanto Portugal como Angola querem recolocar as relações entre Estados num plano de normalidade, sendo expectável que o primeiro-ministro, António Costa, visite Luanda ainda este ano, como adiantou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, ao Negócios.
Um outro factor pode até ajudar a um melhoramento das trocas económicas, resultante de algum desafogo dos cofres do Estado angolano. O Governo de João Lourenço elaborou o Orçamento para 2018 com base numa cotação média do petróleo de 50 dólares, sendo que actualmente esta matéria-prima está a cotar nos 80 dólares. Este cenário abre espaço para um potencial aumento das compras públicas que pode ser aproveitado pelas exportadoras nacionais.
Desconfiança vai manter-se
O Presidente da República de Angola, João Lourenço, sabe que o investimento estrangeiro (IDE) e a introdução de critérios de transparência na avaliação dos projectos são decisivos para relançar a economia do país. Daí a aprovação de uma lei que coloca um ponto final na obrigatoriedade de sócios nacionais terem uma posição de pelo menos 35% no capital social das empresas e também nos limites ao IDE. Em Agosto, está prevista a entrada em vigor de uma nova pauta aduaneira que irá isentar tarifas para a importação da generalidade dos factores de produção, em particular máquinas.
Em paralelo, o chefe do Estado angolano tem já marcadas visitas oficiais a França e Espanha, dois países nos quais deposita grandes esperanças em termos de captação de investimento estrangeiro.
"A situação desanuviou. Vamos ver o que os portugueses vão fazer com isso", remata um outro empresário nacional instalado em Angola. Um primeiro teste a esta aproximação deverá acontecer em Julho, durante a realização da FILDA – Feira Internacional de Luanda, onde os empresários deverão marcar presença em força acreditando que a diplomacia abriu caminho para um novo começo.