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João Lourenço lança forte ataque a Isabel dos Santos e deixa avisos no ar
O presidente de Angla, no discurso de abertura da 6.ª reunião do comité central do MPLA, deu exemplos de decisões mal tomadas que encaixam como uma luva em Isabel dos Santos.
O presidente de Angola, João Lourenço, lançou esta sexta-feira um forte ataque a Isabel dos Santos e José Filomeno dos Santos – filhos do seu antecessor, José Eduardo dos Santos – assim como a toda a nomenclatura que se aproveitou do poder para benefício próprio.
No discurso proferido na abertura da 6.ª sessão ordinária do comité central do MPLA, João Lourenço não só falou de corrupção como também apontou problemas concretos e avisou que as mudanças que está a protagonizar em Angola são irreversíveis.
"O partido deve condenar e impedir que as empreitadas das grandes obras públicas como portos, aeroportos, centrais hidroeléctricas, cimenteiras, ordenamento e gestão de cidades e outros sejam entregues a nossos filhos, familiares ou outros próximos se não obedecerem às regras e normas do concurso público, da contratação e da sã concorrência", afirmou João Lourenço.
Ora, sabendo que Isabel dos Santos teve projectos que lhe foram retirados por este Governo, como o porto de Dande e o ordenamento da cidade de Luanda, conclui-se que os exemplos dados por João Lourenço foram inspirados naquilo que considera serem as benesses dadas pelo anterior executivo de José Eduardo dos Santos à sua filha.
Mais adiante, João Lourenço fez uma descrição que encaixa na perfeição em José Filomeno dos Santos, antigo presidente do Fundo Soberano de Angola, actualmente detido e indiciado, entre outros, pelos crimes de peculato, burla e branqueamento de capitais. "Se de forma pouco responsável se confiar a um jovem inexperiente a gestão de biliões de dólares americanos do país, o partido não pode ficar indiferente, tem de bater o pé perante tamanha afronta aos verdadeiros donos desses recursos, o povo angolano", exemplificou.
Isabel dos Santos, sem nunca ser nomeada, teve ainda resposta à suas afirmações recentes sobre a ameaça do país cair em instabilidade e aos seus avisos aos investidores estrangeiros.
"Só mesmo a falta de patriotismo pode levar um cidadão nacional a desencorajar o investimento privado estrangeiro no seu próprio país, que pode trazer emprego e o pão à mesa dos angolanos" disse João Lourenço, mostrando-se ainda surpreendido como "o facto de cidadãos nacionais evocarem, quem sabe desejarem e até financiarem, uma provável instabilidade política num país como Angola, já bastante martirizado por anos de conflito. Tratando-se de um assunto de segurança nacional, com certeza vamos acompanhá-lo com a seriedade que requer".
João Lourenço prometeu ainda que vai continuar o seu caminho de governação, combatendo a corrupção e criando condições para o relançamento económico do país.
"Este processo de reformas políticas e económicas em curso no país já irreversível. Angola jamais voltará a ser a mesma de há uns atrás. A Angola das oportunidades restringidas a uns quantos intocáveis que tudo podiam, essa pertence à história" susblinhou.