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Isabel dos Santos diz que financiamento que deixa na Sonangol vem da China e da Europa

A empresária Isabel dos Santos explicou hoje que o financiamento que deixa pronto a ser utilizado pelo próximo conselho de administração da Sonangol, no valor de 2.000 milhões de dólares, será garantido por vários bancos europeus e chineses.

7º Isabel dos Santos, 673 notícias - A luta no BPI, a liderança da Sonangol e outros episódios a envolverem as empresas portuguesas explica porque Isabel dos Santos foi em 2016 a mulher mais citada nas notícias do Negócios.
Reuters
17 de Novembro de 2017 às 20:59
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Em entrevista ao telejornal noturno da TV Zimbo, canal privado angolano, um dia depois de ter deixado a presidência do conselho de administração da petrolífera estatal, a empresária e filha do ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, recordou que recebeu em 2016 uma empresa sem credibilidade, depois de falhados compromissos do ano anterior com banca.

"Foi importante reconstruir esta confiança com o sector bancário", explicou Isabel dos Santos, apontando esse processo como um dos exemplos da gestão de 17 meses à frente da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol).

Essa recuperação da credibilidade da petrolífera estatal, acrescentou, culminou com o entendimento com um consórcio bancário para financiar a Sonangol, através de linhas asiáticas e europeias.

"São bancos europeus top de líder e bancos chineses top de líder que vão financiar. A linha está montada, agora caberá ao conselho de administração actual concretizar este financiamento, que é na rodem dos 2.000 milhões de dólares [1.700 milhões de euros], e que permitirá à Sonangol terminar o ano com todos os 'cash calls' pagos", disse a empresária.

Os 'cash calls' são pedidos de fundos que as petrolíferas fazem, para realizar os investimentos, e Isabel dos Santos já tinha explicado na quinta-feira, depois da exoneração do cargo por decisão de João Lourenço, que, em Dezembro de 2015, a Sonangol, "pela primeira vez na sua história não tinha conseguido cumprir com as suas obrigações junto da banca", além de ter "dívidas com os fornecedores e pesadas 'cash calls'".

Com este empréstimo, segundo Isabel dos Santos, a Sonangol poderá liquidar os 'cash calls' relativos a 2017, "permitindo, assim, chegar ao final do ano sem dívidas aos nossos parceiros".

Contudo, a nova administração da petrolífera, liderada por Carlos Saturnino e empossada na quinta-feira pelo Presidente angolano, ainda não se pronunciou sobre este empréstimo.

Na entrevista desta noite, a empresária voltou a sublinhar a situação dramática e de pré falência em que a Sonangol estava em Junho de 2016, quando foi nomeada por José Eduardo dos Santos para presidir à petrolífera.

Recorda que a dívida financeira do grupo estatal, quando iniciou funções, era de 13.000 milhões de dólares (11.000 milhões de euros), cifrando-se actualmente em 7.000 milhões de dólares (5.950 milhões de euros) e que foram identificadas 400 iniciativas de redução de custos, no valor de 1.400 milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros), dos quais 380 milhões de dólares (323 milhões de euros) já foram efectivadas.

Além disso, como exemplo da recuperação da credibilidade da Sonangol, recorda que deixou a empresa com iniciativas em curso que irão permitir uma poupança de 784 milhões de dólares (666 milhões de euros).

Durante a entrevista não foram abordados directamente os motivos que levaram à exoneração das funções, tendo Isabel dos Santos garantido apenas que a missão do grupo de trabalho criado pelo Presidente da República, João Lourenço, para avaliar o sector petrolífero angolano, "não foi debruçar-se sobre a Sonangol ou sobre a gestão da Sonangol".

"A nossa relação com as empresas petrolíferas é boa, muito boa", afirmou ainda.

Questionada sobre o interesse em manter o nível de investimento em Angola após as eleições de Agosto, que levaram à saída de José Eduardo dos Santos e à chegada ao poder de João Lourenço, aquela que é considerada a mulher mais rica de África, garantiu que vai continuar a apostar no país.

"Eu sou angolana, gosto de Angola, é o meu país, acredito que Angola é um país que tem tudo para dar certo. Temos uma diversidade de investimentos possíveis, por isso acho que sim, que continuarei", concluiu.

Depois das telecomunicações, banca, energia, cimentos e distribuição, Isabel dos Santos inaugurou hoje, em Luanda, a fábrica da "Luandina", a nova cerveja nacional que nasce de um investimento em conjunto com o marido, o empresário congolês Sindika Dokolo.
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