Notícia
Dinheiro de Escária: "Vá amanhã ao banco com 75 mil euros. Teríamos um sarilho terrível"
Advogado Tiago Bastos, que defende o ex-chefe de gabinete de Costa, voltou a dizer que "o dinheiro não é ilegal". E afirma aos jornalistas que não haver pagamentos em dinheiro "são coisas dos tempos modernos".
O advogado de defesa de Vítor Escária voltou a repetir que os mais de 75 mil euros que foram apreendidos em São Bento "não são dinheiro ilegal" e acabou por surpreender ao tentar justificar o facto de o ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro ter recebido pagamentos em numerário.
"Vá amanhã ao banco com 75 mil euros e vai ver o que lhe dizem. Teríamos um sarilho terrível", disse Tiago Rodrigues Bastos à porta do Tribunal de Instrução Criminal, após Vítor Escária ter prestado depoimento perante o juiz de instrução.
Questionado sobre o facto de Escária ter recebido verbas em notas, o advogado explicou que "tempos houve em que se recebia em dinheiro". "Isso [transferências bancárias] são questões dos tempos modernos", atirou.
Sobre o facto de o dinheiro ter sido guardado na residência oficial do primeiro-ministro, e não em casa do próprio chefe de gabinete, o advogado respondeu: "E porque não aquele sítio? Aquele sítio é alguma igreja?".
O Ministério Público apreendeu, no âmbito das buscas realizadas ao gabinete de Vítor Escária em São Bento, 78.500 euros em dinheiro que, segundo a investigação, estaria escondido em livros e caixas de vinho.
Tiago Rodrigues Bastos afirmou ainda que as verbas eram referentes a pagamentos de serviços prestados antes do chefe de gabinete assumir funções.
"Trata-se de dinheiro de Vítor Escária, parte do dinheiro é proveniente de aulas ministradas em Angola e a restante parte de dinheiro é trabalhos realizados de consultoria antes de ter assumido as funções e que ele tinha sido recebido entretanto", detalhou o causídico.
À porta do tribunal, o advogado de Escária acrescentou que "a questão será de fazer a declaração deste montante", já que ele "é suscetível de ser declarado".
"Vítor Escária foi confrontado com o recebimento de uma quantia que, não sendo astronómica, era elevada e ele não sabia mito bem o que lhe fazer. Era um questão que estava a ponderar fazer", sublinhou.
Confrontado com o facto de Escária estar já em funções no gabinete de António Costa há muito tempo, o advogado afirmou que "as pessoas que trabalham liberalmente não têm os pagamentos ao fim do mês, a 30 ou 90 dias". "Há pagamentos que são feitos com muito tempo de distância."
A ida ao banco e o "sarilho" evocado por Tiago Bastos
Em 2018 entrou em vigor a Diretiva 2014/65/EU, relativa aos Mercados e Instrumentos Financeiros (DMIF II) e que veio reforçar as obrigações das instituições financeiras relativas às verbas depositadas ou às transferências realizadas, no âmbito de medidas de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.
No âmbito destas regras, as instituições financeiras estão obrigadas a deveres reforçados de identificação dos clientes bancários, individuais e empresariais, bem como a rastrear e identificar todo o tipo de operações consideradas suspeitas ou não justificadas.
Quando tal sucede, existe por parte da instituição financeira uma comunicação ao Ministério Público, que avalia os indícios associados a tais movimentos identificados ou aos visados na comunicação.
No passado, comunicações de bancos ao Ministério Público estiveram na base de suspeitas que levaram à abertura de inquéritos judiciais que investigaram crimes de branqueamento, fraude fiscal e corrupção.
"Vá amanhã ao banco com 75 mil euros e vai ver o que lhe dizem. Teríamos um sarilho terrível", disse Tiago Rodrigues Bastos à porta do Tribunal de Instrução Criminal, após Vítor Escária ter prestado depoimento perante o juiz de instrução.
Sobre o facto de o dinheiro ter sido guardado na residência oficial do primeiro-ministro, e não em casa do próprio chefe de gabinete, o advogado respondeu: "E porque não aquele sítio? Aquele sítio é alguma igreja?".
O Ministério Público apreendeu, no âmbito das buscas realizadas ao gabinete de Vítor Escária em São Bento, 78.500 euros em dinheiro que, segundo a investigação, estaria escondido em livros e caixas de vinho.
Tiago Rodrigues Bastos afirmou ainda que as verbas eram referentes a pagamentos de serviços prestados antes do chefe de gabinete assumir funções.
"Trata-se de dinheiro de Vítor Escária, parte do dinheiro é proveniente de aulas ministradas em Angola e a restante parte de dinheiro é trabalhos realizados de consultoria antes de ter assumido as funções e que ele tinha sido recebido entretanto", detalhou o causídico.
À porta do tribunal, o advogado de Escária acrescentou que "a questão será de fazer a declaração deste montante", já que ele "é suscetível de ser declarado".
"Vítor Escária foi confrontado com o recebimento de uma quantia que, não sendo astronómica, era elevada e ele não sabia mito bem o que lhe fazer. Era um questão que estava a ponderar fazer", sublinhou.
Confrontado com o facto de Escária estar já em funções no gabinete de António Costa há muito tempo, o advogado afirmou que "as pessoas que trabalham liberalmente não têm os pagamentos ao fim do mês, a 30 ou 90 dias". "Há pagamentos que são feitos com muito tempo de distância."
A ida ao banco e o "sarilho" evocado por Tiago Bastos
Em 2018 entrou em vigor a Diretiva 2014/65/EU, relativa aos Mercados e Instrumentos Financeiros (DMIF II) e que veio reforçar as obrigações das instituições financeiras relativas às verbas depositadas ou às transferências realizadas, no âmbito de medidas de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.
No âmbito destas regras, as instituições financeiras estão obrigadas a deveres reforçados de identificação dos clientes bancários, individuais e empresariais, bem como a rastrear e identificar todo o tipo de operações consideradas suspeitas ou não justificadas.
Quando tal sucede, existe por parte da instituição financeira uma comunicação ao Ministério Público, que avalia os indícios associados a tais movimentos identificados ou aos visados na comunicação.
No passado, comunicações de bancos ao Ministério Público estiveram na base de suspeitas que levaram à abertura de inquéritos judiciais que investigaram crimes de branqueamento, fraude fiscal e corrupção.