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Super-espião: "90% da actividade dos serviços secretos pode ser ilegal"
Em entrevista à Sábado, o ex-expião Jorge Silva Carvalho, sublinha que foi ilibado dos principais crimes que lhe imputavam. De Passos Coelho a Pinto Balsemão, passando por Júlio Pereira, os disparos vão em vários sentidos.
Na primeira entrevista que concede depois de ter sido conhecida a sentença que o condena a quatro anos e seis meses de prisão, com pensa suspensa, o antigo super-espião confessa que teve dificuldade em digerir o resultado mas garante que vai recorrer.
À revista Sábado, admite ter feito coisas erradas, mas sempre em defesa do interesse do Estado português, e assinala que "90% da actividade dos serviços secretos pode ser ilegal". E dispara em vários sentidos, de Francisco Pinto Balsemão a Pedro Passos Coelho. Deixamos-lhe uma síntese das principais frases do ex-expião, antigo aliado de Nuno Vasconcellos na Ongoing.
Sobre a sentença: "A condenação por violação do segredo de Estado (…) é uma mordaça que me colocaram".
Sobre Nuno Vasconcellos e a Ongoing: "É uma relação de amizade distante. Não temos contacto neste momento".
Sobre Pinto Balsemão: "Joga o mesmo jogo que o dr. Nuno Vasconcellos, só que com mais peso e influência (…) Não é por ter sido primeiro-ministro ou fundador da Impresa que se torna uma pessoa boa, válida, isenta de cometer erros".
Sobre o Expresso: "Ainda devo ser a pessoa que mais primeiras páginas do Expresso fez em seis meses".
Sobre a comunicação social: "Hoje o politicamente correcto é poupar um jornalista que vai longe demais".
Sobre Pedro Passos Coelho: "Há pessoas que confundem sentido de Estado com a falta de coluna vertebral" (…) Passos Coelho sacudiu a água do capote".
Sobre o Ministério Público: "Nós temos hoje várias classes sociais como na Idade Média. A magistratura é um novo clero, e um clero que quer ser nobre, quer fazer política".
Sobre as amizades: "Costumo dizer que tive azar com os animais: tive azar com os coelhos, com os ratos e com as serpentes. Digo serpentes porque há pessoas que gostam muito de estudos chineses e o signo deles é a serpente".
Sobre o pedido da facturação telefónica de um jornalista: "Nas mesmas circunstâncias, tomaria a mesma decisão, mesmo sabendo que é ilícita ou tendencialmente ilícita".
"O interesse o Estado é por vezes algo que se sobrepõe à estrita legalidade, por muito que isso custe".
Sobre a violação do segredo de Estado: "Nunca violei o segredo de Estado. (…) Estou disponível para um teste de polígrafo (…) e gostaria que o dr. Júlio Pereira estivesse disponível para o mesmo. (…) Tenho a certeza de que lhe correria mal."
Sobre o futuro: "O próximo round será escolhido por mim no tempo e no espaço que eu achar indicado"