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Sócrates diz que "mentiras caíram", promete defender-se e avisa ter "muito a dizer"
O antigo primeiro-ministro saiu do Campus da Justiça a cantar vitória após saber que irá a julgamento em apenas seis dos 31 crimes de que estava acusado no âmbito da Operação Marquês. Sócrates promete defender-se, avisa ter muito a dizer e não afasta regresso à política.
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Não obstante ter ouvido o juiz Ivo Rosa acusá-lo da prática de corrupção passiva e dizer que só não é pronunciado porque esse crime prescreveu, foi um José Sócrates empolgado e com espírito de vencedor aquele que saiu do Campus da Justiça após uma leitura instrutória que o ilibou de 25 dos 31 crimes (corrupção passiva, falsificação de documentos e branqueamento de capitais) de que estava acusado na Operação Marquês.
"Alguma coisa de singular hoje aconteceu. Todas as grandes mentiras da acusação caíram. Tudo isso ruiu", atirou o ex-primeiro-ministro respaldado pelas inúmeras críticas lançadas pelo juiz de instrução à atuação do Ministério Público, que, recordou Sócrates, usou termos como "especulação, efabulação [e] construção de suposições em cima de suposições" para se referir às alegações da acusação.
"A acusação da fortuna escondida é uma mentira, a acusação de corrupção é mentira, a acusação de ligação a Ricardo Salgado é completamente mentira", continuou garantindo que Ivo Rosa decidiu levá-lo a julgamento por "três crimes de branqueamento", mas "isso não é verdade". "Vou defender-me", assegurou a propósito do que diz ser uma "gravíssima injustiça".
Naquilo que pareceu um ensaio dos argumentos que usará na sua defesa doravante enquanto estratégia de vitimização ante o comportamento do Ministério Público, Sócrates aproveitou as considerações feitas por Ivo Rosa acerca da contestação do antigo chefe de Governo e de Armando Vara à distribuição dos processos feita em 2014, de forma manual e não eletrónica, como estipula a lei, para acusar o MP de viciar o processo.
Ivo Rosa garantiu não ter havido qualquer problema informático e confirmou não ter estado nenhum juiz presente aquando da decisão de entregar o processo ao juiz Carlos Alexandre, razão pela qual será extraída uma certidão a fim de remeter o assunto para a Procuradoria-Geral da República.
Tratou-se de uma "distribuição manipulada e viciada" para Carlos Alexandre ficar com o processo, acusou Sócrates, garantindo que "alguém cometeu um crime, resta saber quem". "O MP foi sempre conivente com essa distribuição, sempre a defendeu contra os factos", prosseguiu chegando à "única conclusão" possível: o MP escolheu o juiz e, juntos, agiram para "prenderem" Sócrates.
Ou seja, para Sócrates esta atuação configura a prática de "dois crimes: manipulação do processo, mas também um crime de encobrimento (da parte do MP e do Conselho Superior de Magistratura)".
"O juiz não pode fazer uma coisa dessas"
É certo que Ivo Rosa ilibou Sócrates dos crimes de corrupção de que estava acusado, contudo o juiz admitiu existirem indícios de "corrupção sem demonstração de ato concreto" no que diz respeito às trocas de dinheiro entre o ex-líder do PS e o amigo Santos Silva, que "levantam dúvidas" e suspeitas (devido ao uso de linguagem cifrada).
Isto significa que, para o juiz de instrução, José Sócrates praticou um ato de corrupção, contudo, e tal como sucede com os outros três crimes de corrupção passiva de que estava acusado, o mesmo já prescreveu.
"O juiz não pode fazer uma coisa dessas, invocar um crime que já prescreveu pela simples razão de que eu não posso defender-me dessa acusação", alegou José Sócrates.
Regresso à política é questão individual
Sobre um eventual regresso às lides políticas, José Sócrates, que já não é militante do PS e de quem se diz poder aspirar a uma potencial candidatura presidencial em 2026, não afastou esse cenário. Frisou apenas que essa é uma decisão que só a ele compete tomar, e que o fará depois de um "diálogo" consigo próprio.
Pedindo uma "autoavaliação" ao jornalismo por embarcar nas teses do MP, garantiu ter "muito a dizer" e prometeu que o fará. "Vou dizê-lo", rematou. Se não for antes, começará a fazê-lo numa entrevista à TVI já marcada para a próxima quarta-feira, 14 de abril.
"Alguma coisa de singular hoje aconteceu. Todas as grandes mentiras da acusação caíram. Tudo isso ruiu", atirou o ex-primeiro-ministro respaldado pelas inúmeras críticas lançadas pelo juiz de instrução à atuação do Ministério Público, que, recordou Sócrates, usou termos como "especulação, efabulação [e] construção de suposições em cima de suposições" para se referir às alegações da acusação.
Naquilo que pareceu um ensaio dos argumentos que usará na sua defesa doravante enquanto estratégia de vitimização ante o comportamento do Ministério Público, Sócrates aproveitou as considerações feitas por Ivo Rosa acerca da contestação do antigo chefe de Governo e de Armando Vara à distribuição dos processos feita em 2014, de forma manual e não eletrónica, como estipula a lei, para acusar o MP de viciar o processo.
Ivo Rosa garantiu não ter havido qualquer problema informático e confirmou não ter estado nenhum juiz presente aquando da decisão de entregar o processo ao juiz Carlos Alexandre, razão pela qual será extraída uma certidão a fim de remeter o assunto para a Procuradoria-Geral da República.
Tratou-se de uma "distribuição manipulada e viciada" para Carlos Alexandre ficar com o processo, acusou Sócrates, garantindo que "alguém cometeu um crime, resta saber quem". "O MP foi sempre conivente com essa distribuição, sempre a defendeu contra os factos", prosseguiu chegando à "única conclusão" possível: o MP escolheu o juiz e, juntos, agiram para "prenderem" Sócrates.
Ou seja, para Sócrates esta atuação configura a prática de "dois crimes: manipulação do processo, mas também um crime de encobrimento (da parte do MP e do Conselho Superior de Magistratura)".
"O juiz não pode fazer uma coisa dessas"
É certo que Ivo Rosa ilibou Sócrates dos crimes de corrupção de que estava acusado, contudo o juiz admitiu existirem indícios de "corrupção sem demonstração de ato concreto" no que diz respeito às trocas de dinheiro entre o ex-líder do PS e o amigo Santos Silva, que "levantam dúvidas" e suspeitas (devido ao uso de linguagem cifrada).
Isto significa que, para o juiz de instrução, José Sócrates praticou um ato de corrupção, contudo, e tal como sucede com os outros três crimes de corrupção passiva de que estava acusado, o mesmo já prescreveu.
"O juiz não pode fazer uma coisa dessas, invocar um crime que já prescreveu pela simples razão de que eu não posso defender-me dessa acusação", alegou José Sócrates.
Regresso à política é questão individual
Sobre um eventual regresso às lides políticas, José Sócrates, que já não é militante do PS e de quem se diz poder aspirar a uma potencial candidatura presidencial em 2026, não afastou esse cenário. Frisou apenas que essa é uma decisão que só a ele compete tomar, e que o fará depois de um "diálogo" consigo próprio.
Pedindo uma "autoavaliação" ao jornalismo por embarcar nas teses do MP, garantiu ter "muito a dizer" e prometeu que o fará. "Vou dizê-lo", rematou. Se não for antes, começará a fazê-lo numa entrevista à TVI já marcada para a próxima quarta-feira, 14 de abril.