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Sócrates diz que "mentiras caíram", promete defender-se e avisa ter "muito a dizer"

O antigo primeiro-ministro saiu do Campus da Justiça a cantar vitória após saber que irá a julgamento em apenas seis dos 31 crimes de que estava acusado no âmbito da Operação Marquês. Sócrates promete defender-se, avisa ter muito a dizer e não afasta regresso à política.

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José Sócrates reage ao despacho de pronúncia da Operação Marquês
09 de Abril de 2021 às 18:56
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Não obstante ter ouvido o juiz Ivo Rosa acusá-lo da prática de corrupção passiva e dizer que só não é pronunciado porque esse crime prescreveu, foi um José Sócrates empolgado e com espírito de vencedor aquele que saiu do Campus da Justiça após uma leitura instrutória que o ilibou de 25 dos 31 crimes (corrupção passiva, falsificação de documentos e branqueamento de capitais) de que estava acusado na Operação Marquês. 

"Alguma coisa de singular hoje aconteceu. Todas as grandes mentiras da acusação caíram. Tudo isso ruiu", atirou o ex-primeiro-ministro respaldado pelas inúmeras críticas lançadas pelo juiz de instrução à atuação do Ministério Público, que, recordou Sócrates, usou termos como "especulação, efabulação [e] construção de suposições em cima de suposições" para se referir às alegações da acusação.

"A acusação da fortuna escondida é uma mentira, a acusação de corrupção é mentira, a acusação de ligação a Ricardo Salgado é completamente mentira", continuou garantindo que Ivo Rosa decidiu levá-lo a julgamento por "três crimes de branqueamento", mas "isso não é verdade". "Vou defender-me", assegurou a propósito do que diz ser uma "gravíssima injustiça".
 
Naquilo que pareceu um ensaio dos argumentos que usará na sua defesa doravante enquanto estratégia de vitimização ante o comportamento do Ministério Público, Sócrates aproveitou as considerações feitas por Ivo Rosa acerca da contestação do antigo chefe de Governo e de Armando Vara à distribuição dos processos feita em 2014, de forma manual e não eletrónica, como estipula a lei, para acusar o MP de viciar o processo. 

Ivo Rosa garantiu não ter havido qualquer problema informático e confirmou não ter estado nenhum juiz presente aquando da decisão de entregar o processo ao juiz Carlos Alexandre, razão pela qual será extraída uma certidão a fim de remeter o assunto para a Procuradoria-Geral da República. 

Tratou-se de uma "distribuição manipulada e viciada" para Carlos Alexandre ficar com o processo, acusou Sócrates, garantindo que "alguém cometeu um crime, resta saber quem". "O MP foi sempre conivente com essa distribuição, sempre a defendeu contra os factos", prosseguiu chegando à "única conclusão" possível: o MP escolheu o juiz e, juntos, agiram para "prenderem" Sócrates.

Ou seja, para Sócrates esta atuação configura a prática de "dois crimes: manipulação do processo, mas também um crime de encobrimento (da parte do MP e do Conselho Superior de Magistratura)".

"O juiz não pode fazer uma coisa dessas"
É certo que Ivo Rosa ilibou Sócrates dos crimes de corrupção de que estava acusado, contudo o juiz admitiu existirem indícios de "corrupção sem demonstração de ato concreto" no que diz respeito às trocas de dinheiro entre o ex-líder do PS e o amigo Santos Silva, que "levantam dúvidas" e suspeitas (devido ao uso de linguagem cifrada).

Isto significa que, para o juiz de instrução, José Sócrates praticou um ato de corrupção, contudo, e tal como sucede com os outros três crimes de corrupção passiva de que estava acusado, o mesmo já prescreveu. 

"O juiz não pode fazer uma coisa dessas, invocar um crime que já prescreveu pela simples razão de que eu não posso defender-me dessa acusação", alegou José Sócrates.

Regresso à política é questão individual
Sobre um eventual regresso às lides políticas, José Sócrates, que já não é militante do PS e de quem se diz poder aspirar a uma potencial candidatura presidencial em 2026, não afastou esse cenário. Frisou apenas que essa é uma decisão que só a ele compete tomar, e que o fará depois de um "diálogo" consigo próprio. 

Pedindo uma "autoavaliação" ao jornalismo por embarcar nas teses do MP, garantiu ter "muito a dizer" e prometeu que o fará. "Vou dizê-lo", rematou. Se não for antes, começará a fazê-lo numa entrevista à TVI já marcada para a próxima quarta-feira, 14 de abril.
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