O advogado de defesa de José Sócrates anunciou esta tarde que o recurso contra a prisão preventiva do ex-primeiro-ministro será entregue na sexta-feira. João Araújo tinha prometido fazê-lo nesta segunda-feira, 15 de Dezembro, mas adiou essa entrega hoje mesmo, alegando que necessita de consultar uma vez mais o seu cliente. O advogado falava em Évora, à saída do estabelecimento prisional, após ter-se encontrado com o ex-primeiro-ministro.

Em declarações aos jornalistas, João Araújo voltou a insurgir-se contra a prisão preventiva de Sócrates, considerando tratar-se de um "abuso" e de uma "ilegalidade flagrante". "Isto não é uma ilegalidadezinha. É o direito à liberdade que está em causa", disse, acrescentando ser "completamente inaceitável que um cidadão que tem um sucesso como tem o engenheiro Sócrates possa comunicar com o seu advogado [por telefone] cinco minutos por dia".

João Araújo lamentou ainda a decisão dos Serviços Prisionais que, seguindo o parecer do Tribunal Central de Instrução Criminal, rejeitaram os pedidos de entrevista de órgãos de comunicação social ao ex-primeiro-ministro José Sócrates. "Nós queremos que os factos sejam conhecidos", afirmou. 

No incidente de "habeas corpus", o advogado de José Sócrates sabia já que poucos resultados poderia vir a ter, uma vez que o que ali se verificava era a existência, ou não, de erros grosseiros na prisão preventiva, nomeadamente formalidades incumpridas ou prazos ultrapassados. Agora, no Tribunal da Relação, os pressupostos serão outros. Os juízes conselheiros vão olhar para o processo, verificar toda a prova já recolhida, e concluir se há de facto indícios fortes da prática dos crimes de que José Sócrates está indiciado - corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.

José Sócrates encontra-se detido preventivamente desde 25 de Novembro.