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Juiz espanhol proíbe publicação de dados confidenciais divulgados pelo 'Football Leaks'

O juiz espanhol Arturo Zamarriego proibiu os 12 órgãos de comunicação social que publicaram o escândalo 'Football Leaks' de difundir qualquer informação sobre os clientes da sociedade Senn Ferrero, informou a AFP.

Reuters
05 de Dezembro de 2016 às 22:43
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No auto, datado de 2 de Dezembro e a que a AFP teve hoje acesso, o juiz do tribunal madrileno pede auxílio judicial às autoridades alemãs para que instem o Der Spiegel, depositário dos 18 milhões de documentos revelados pelo 'site' Football Leaks', e os outros membros do consórcio, a não difundir dados relativos aos clientes de Senn Ferrero, entre os quais estão Cristiano Ronaldo, José Mourinho e Jorge Mendes.

 

De acordo com a AFP, o magistrado argumenta que as informações divulgadas pelo 'Football Leaks' resultaram de uma violação do direito de privacidade, uma vez que terão sido obtidas através de um ataque cibernético à empresa espanhola, que aconselha desportistas quanto ao regime fiscal.

 

Assim, o auto pretende "paralisar e/ou banir a publicação, em papel ou em formato digital, de informação confidencial de âmbito pessoal, financeiro, fiscal e/ou legal dos clientes da Senn Ferrero, a cujo consórcio de jornalistas European Investigative Collaborations (EIC) possa ter acesso".

 

Os meios que compõem o consórcio, citados pelo diário espanhol El Mundo, acolheram com "estupefacção" a proibição, considerando que se trata de "um ataque sem precedentes à liberdade de expressão na Europa" e sublinhando que vão continuar a publicar o trabalho de investigação.

 

Na sexta-feira, os membros do EIC, que incluem o Expresso, o Der Spiegel, o El Mundo, o austríaco Der Falter, o belga Le Soir, o dinamarquês Politiken, o italiano L'Expresso, o grupo francês Mediapart, o sérvio Newsweek e o romeno RCIJ The Black Sea, noticiaram que Cristiano Ronaldo evadiu, supostamente, milhões de euros em impostos através de uma sociedade nas Ilhas Virgens.

 

A informação, que também envolve outros jogadores, entre os quais Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho ou Pepe, assim como o internacional alemão Mesut Ozil, do Arsenal, foi colhida a partir de 1.900 gigabytes de documentos a que o referido consórcio europeu teve acesso e sobre os quais trabalharam 60 jornalistas durante mais de sete meses.

 

De acordo com os documentos, cedidos aos citados OCS pela plataforma digital 'Football leaks', são muitas a estrelas do futebol internacional que se esforçam por ocultar os seus rendimentos ao fisco, dando como exemplos concretos os de Ronaldo e Ozil.

 

O avançado português terá, alegadamente, segundo o El Mundo, utilizado empresas fictícias sediadas nas Ilhas Virgens para ocultar receitas de publicidade de 150 milhões de euros e, segundo o Der Spiegel, alguns colaboradores próximos de Ronaldo revelaram-se preocupados com a possibilidade de detalhes da sociedade caribenha chegarem ao conhecimento das autoridades.

 

Entretanto, a Gestifute, do agente Jorge Mendes, que representa os interesses de Cristiano Ronaldo e José Mourinho, já tinha feito saber, na quinta-feira, numa declaração pública, que ambos estão em dia com as suas obrigações fiscais, tanto em Espanha como no Reino Unido.

 

Na mesma declaração, enviada à Agência Lusa, a Gestifute sublinhava que Cristiano Ronaldo e José Mourinho nunca estiveram envolvidos em qualquer processo judicial relativo à prática de qualquer delito fiscal e ameaçava que qualquer insinuação ou acusação dessa natureza em relação a ambos será denunciada e perseguida nos tribunais.

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