Foi um discurso com palavras fortes. Ferro Rodrigues dedicou diversos adjectivos pouco simpáticos para o Governo para qualificar a proposta do Orçamento do Estado para 2015. "É um orçamento com um mínimo muito mínimo de credibilidade", acusou, porque o Executivo não reconhece os erros que cometeu, mas "entre os poderosos e os pobres, escolheu sempre os primeiros", pelo que este é "mais um orçamento de ruptura contra os mais pobres".

Por outro lado, a parte fiscal do OE 2015 fica marcada por uma "gigantesca salganhada", uma vez que o IRS acabou por não descer e foi preciso "inventar uma cláusula de salvaguarda" para quem não tem filhos. "A única coisa clara nesta história é que os portugueses pagam já, e depois logo se vê se recebem. O Fisco, esse arrecada já, e depois logo se vê se devolve", algo que Ferro Rodrigues qualifica como um "truque lamentável".

"Erros, expedientes, salganhadas, contradições internas" e "uma tremenda incompetência". "É isto que ao fim de três anos este Governo tem para mostrar ao país", lamenta.

Este é, afirma, "um Governo que vai pelo caminho fácil do saque fiscal. Um Governo não apenas preguiçoso mas irresponsável", acusa. "Um Governo que ataca os mais pobres dos pobres e defende os mais ricos dos ricos", e com isso "Mostra não apenas ser patético mas escandaloso".

"Para muitos, e com alguma razão, isto já não é um Governo, mas um grupo ou uma trupe de malabaristas", atirou o líder da bancada do PS.

E quando "um Governo está esgotado e esgota Portugal, a responsabilidade do Presidente aumenta", avisa Ferro. Porque "não é do futuro do Governo que se começa a tratar, mas do futuro do regime democrático".

PS vai entregar propostas de alteração em sede fiscal

Ferro Rodrigues também prometeu apresentar medidas em sede fiscal. "Cá estaremos na especialidade, para apresentar propostas. Sem ilusões, com determinação. Propostas, entre outras, sobre política fiscal (IRS, IRC, IVA, IMI) e prestações sociais, destacou o líder da bancada socialista.