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Rácios baixos colocam professores na mira do FMI

Portugal é o país do Euro em que os gastos com professores mais pesam no bolo da despesa com educação. Elevado número de docentes por aluno é apontado, pelo próprio FMI, como um dos problemas do sistema

30 de Janeiro de 2013 às 00:01
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Muitos professores? | O FMI tem insistido no assunto dos rácios aluno/professor, dizendo que há professores a mais e que o Governo deve pô-los em mobilidade especial.

 

 

Portugal é o país do Euro em que os encargos com professores mais pesam na despesa com educação. Repartida, 80% da despesa com os ensinos primário, básico e secundário destina-se a pagar salários a docentes. Os dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) mostram que a explicação não estará nos salários, mas no número de docentes.


Em 2010, havia um docente para cada 10,9 alunos do primário. No Euro, só o Luxemburgo tinha um rácio inferior (10,1). Levando em consideração os ensinos básico e secundário (do 5º ao 12º anos) havia um professor para 7,5 alunos, o rácio mais baixo do Euro.


Esta realidade, que tem sido muito frisada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) - nomeadamente no relatório onde aponta medidas de corte de despesa -, pode ter-se alterado uma vez que nos últimos dois anos foram dispensados milhares de professores contratados. Estes são, porém, os dados oficiais comparáveis que existem, mas que têm sido criticados por alguns especialistas da área e que parecem entrar em colisão com números oficiais.


O baixo rácio de alunos por professor pode ser uma das explicações para que Portugal seja o membro do Euro onde a despesa com docentes mais pesa no total da despesa com educação (80,1%). Até por que se atendermos aos salários que se pagam aos docentes do secundário, quer no início, quer no fim da carreira, Portugal fica abaixo da média.


Em termos de gastos públicos com a educação, Portugal gastava, em 2009, 5,8% do PIB, mais do que a média dos Estados-membros do Euro (5,7%). Estes valores têm contudo vindo a diminuir e já estão abaixo dos 5%.


Resultados abaixo da média
Os gastos públicos com educação - que terão de cair obrigatoriamente nos próximos dois anos - parecem não ter tido o impacto desejável em termos de resultados em aprendizagem. Os últimos dados do PISA, de 2009, mostram que Portugal pontua pior que a média nas três vertentes: leitura, matemática e ciências. Em termos de alfabetização, Portugal ainda não recuperou do atraso e, em 2010, só metade da população entre os 25 e os 34 anos tinha concluído o 12º ano, contra a média de 81,4%.


E é com base nestes dados que o FMI tem tecido considerações em torno do sistema educativo português. Segundo o FMI, há professores a mais, que podem ser dispensados, e os resultados são "ineficientes". Mas também aqui, especialistas como Paulo Guinote têm referido estudos mais recentes (TIMSS e PIRLS) que mostram que Portugal está a subir nos "rankings".

 

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