Notícia
Sábios do PS constroem modelo para testar efeitos das medidas
O trabalho que está a ser desenvolvido pelo grupo de “12 sábios” que servirá de base ao programa económico do PS “permite debater com a Comissão Europeia uma interpretação inteligente do Tratado Orçamental”. O cenário final servirá de base ao programa do PS.
A equipa de "12 sábios", economistas e juristas, escolhida pelo líder do PS António Costa está a construir aquilo que designa como uma "ferramenta" para avaliar o efeito económico e financeiro de cerca de duas dúzias de medidas. Um trabalho que permitirá construir uma proposta de medidas coerentes com efeitos quantificados.
Num encontro com jornalistas esta sexta-feira, 27 de Março, em que esteve presente o líder do PS António Costa, Mário Centeno, que falou em nome da equipa de economistas, fez questão de sublinhar que "não é um modelo de previsão" mas sim "uma ferramenta que permite avaliar o efeito quantitativo de medidas".
O objectivo é, com o modelo macroeconómico, chegar a um conjunto de medidas coerentes que permitam aumentar o crescimento da economia e do emprego respeitando o quadro institucional europeu. "O conjunto de medidas que estará consagrado no cenário final é compatível com a nossa participação na Zona Euro", disse Mário Centeno.
António Costa considera que esta metodologia, de quantificação de um conjunto de medidas coerentes, "permite debater com a Comissão Europeia uma interpretação inteligente do Tratado Orçamental". O cenário final com as medidas será divulgado sob a forma de relatório no início do mês de Abril.
O Negócios revela esta sexta-feira que o exercício que resultará num relatório tentará acabar com a austeridade cumprindo o Tratado orçamental. Com as medidas que estão a testar tentam chegar a um conjunto de actuações políticas que permitem atingir o crescimento máximo sem violar as regras europeias.
O líder do PS escusou-se a identificar medidas concretas considerando que "têm de ser vista no seu conjunto para garantir a sua coerência". Por exemplo, disse, para existir um aumento do rendimento disponível é preciso avaliar como é que isso incide sobre as empresas e sobre o Estado.
Um exercício quantitativo para um programa de Governo
Os economistas estão a partir das hipóteses definidas pelo FMI e pela Comissão Europeia e estão a usar as previsões da Comissão Europeia que vão até 2019. Utilizam depois um modelo linear e testam os efeitos das medidas quantificando as diferenças face ao cenário base da Comissão Europeia.
"Não estamos a fazer previsões", sublinha Mário Centeno. O modelo, diz, "é uma ferramenta analítica para avaliar o impacto de cada medida e da conjugação das várias medidas.
Um dos poucos exemplos que identificaram como tendo sido testado foi a redução da taxa de IVA da restauração para 13%. Mas escusaram-se a revelar qual o efeito final tendo sido possível apenas perceber que, sem mais nada, permitia que a taxa de crescimento do PIB passasse dos 1,9% em 2016, previstos pela Comissão Europeia, para 2%. Um resultado que não se pode considerar final nem se pode admitir que seja consagrado.
A partir do trabalho que está a ser desenvolvido pelos economistas será construído um cenário final que terá por base um conjunto de medidas que deverão depois passar pela avaliação política. O relatório final deverá ser divulgado no início de Abril.
Mário Centeno – Liderou o encontro com os jornalistas descrevendo o que a equipa está a fazer. Está no Banco de Portugal assumindo desde 2014 as funções de conselheiro da administração para projectos especiais. É doutorado por Harvard no domínio do mercado de trabalho. É um dos economistas com mais investigação neste domínio da economia do trabalho
Vítor Escária – É actualmente professor no ISEG onde se licenciou. Doutorado no domínio do mercado de trabalho pela Universidade de York (Reino Unido), foi o economista que acompanhou as negociações com a troika em 2011 enquanto assessor para a economia do gabinete do ex-primeiro-ministro José Sócrates. Esteve presente neste encontro com jornalistas.
Fernando Rocha Andrade – Um dos poucos juristas do grupo, é professor na Faculdade de Direito de Coimbra. De acordo com o Público, juntou-se ao PS aos 14 anos. Companheiro de longa data de António Costa foi adjunto quando Costa foi ministro dos Assuntos Parlamentares e foi sub-secretário de Estado da Administração Interna quando Costa foi ministro. Também esteve presente neste encontro com jornalistas.
Francisca Guedes de Oliveira- Doutorada em economia pública é professora na Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica do Porto. É a menos conhecida do grupo e também esteve no encontro que António Costa promoveu com os jornalistas.
João Nuno Mendes – Foi secretário de Estado do Planeamento quando Elisa Ferreira foi ministra no governo de António Guterres, assumindo responsabilidades no domínio do terceiro quadro comunitário de apoio.
João Leão – Professor no ISCTE é doutorado em economia pelo MIT, nos Estados Unidos. Foi director-geral do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério de Economia.
Manuel Caldeira Cabral – Professor na Universidade do Minho, é doutorado em Economia pela Universidade de Nottingham. É colaborador regular do Negócios e foi assessor do ministro de Estado e das Finanças Fernando Teixeira dos Santos (18º governo constitucional) e do ministro da Economia Manuel Pinho (17º governo constitucional)
Paulo Trigo Pereira – Professor catedrático no ISEG é doutorado pela Universidade de Leicester do Reino Unido. Um dos economistas mais mediático do grupo dos 12 sábios do PS, é reconhecido pelas suas análises em finanças públicas. Escreve regularmente no jornal Público.
João Galamba – Economista, licenciado pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, é deputado do PS. Blogger e com uma participação muito activa nas redes sociais. Um dos mais activos e contundentes deputados do PS.
José Vieira da Silva – Eleito deputado pelo PS desde 2002 foi ministro do Trabalho e da Solidariedade do 17º governo constitucional assumindo despois a pasta da Economia. Protagonizou no primeiro governo uma das principais reformas do sistema de segurança social. É economista de formação e tem uma longa carreira de serviço público. Não esteve presente no encontro com jornalistas de economia.
Elisa Ferreira – Eurodeputada pelo PS tem contribuído, no Parlamento Europeu, para o quadro legislativo da União Bancária. Liderou, nomeadamente, as negociações para a criação do mecanismo único de resolução dos bancos. Foi ministra do Ambiente no 13º governo constitucional e ministra do Planeamento no 14º governo, ambos liderados por António Guterres.
Sérgio Ávila – Economista, licenciado pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, é vice-presidente do governo regional dos Açores assumindo funções no domínio da economia e das finanças.