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PAN abstém-se no Orçamento. Aprovação fica praticamente garantida
O PAN vai abster-se na votação na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2020, pedindo mais ambição do Governo no combate às alterações climáticas, mais investimento na saúde e direitos laborais. Aprovação do documento fica mais perto.
"Não se constroem pontes sem alicerces. E, nesse sentido, o orçamento fica muito aquém. Não vamos votar favoravemnete, vamos abster-nos", anunciou a deputada do PAN. O grupo parlamentar deixa assim o benefício da dúvida para perceber se o Governo terá ou não "particular cuidado em acolher as necessidades do PAN".
No entanto, para o PAN, esses sinais "não são suficientes" para que o partido possa "acompanhar favoravelmente" o Orçamento do Estado.
Além disso, a deputada criticou a "subserviência que se sente" com o documento a alguns setores energéticos, sobretudo pelo facto de a proposta orçamental "manter alguma fiscalidade perversa, ao apoiar atividades nocivas ao ambiente". Em causa está o aumento da despesa fiscal com os combustíveis fósseis, que o Negócios noticiou hoje.
Para o PAN, com a abstenção, "fica tudo em aberto" para discussão na especialidade. Embora não tenha apresentado linhas vermelhas, Inês Sousa Real defendeu que depois da austeridade e agora que se chegou ao excedente os "portugueses devem ser restituídos desse esforço". O partido quer compromissos no combate às alterações climáticas, reforço dos direitos laborais, maior investimento na saúde e na protecção animal.
Com o anúncio da abstenção do PAN, a proposta de Orçamento do Estado para 2020 deve passar no primeiro embate político, a votação na generalidade.
Dos 230 deputados, apenas 108 (os do PS) já garantiram o voto favorável ao documento. Do outro lado da barricada, 86 deputados (do PSD, incluindo os eleitos pela Madeira, do CDS, da Iniciativa Liberal e do Chega) já anunciaram o voto contra.
Retiram-se da equação, então, os quatro deputados do PAN e os dez deputados do PCP, que esta manhã também anunciou a abstenção.
Fica por conhecer ainda o sentido de voto do Bloco de Esquerda, d'Os Verdes e do Livre. Basta que apenas um deputado destes três partidos se abstenha para o orçamento seja aprovado à tangente (108 a favor, 107 contra). No entanto, o mais provável é que Os Verdes - que anunciam o seu sentido de voto na quinta-feira, dia 9 de janeiro, de manhã - alinhem o seu sentido de voto com o PCP, abstendo-se.
Nesse cenário, mesmo que Bloco de Esquerda e Livre votassem contra a proposta de Orçamento do Estado para 2020 seria aprovada na generalidade com 108 votos a favor, 106 contra e 16 abstenções.
A proposta de Orçamento do Estado para 2020 é discutida e votada na generalidade na quinta e na sexta-feira. A votação final global, que ocorre depois do período de discussão na generalidade e da apresentaçãod e propostas de alteração, está marcada para 6 de fevereiro.
(Notícia atualizada pela última vez com mais informação às 16:22)