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Jerónimo de Sousa não percebe "autocontentamento" do ministro das Finanças

O líder comunista exortou os militantes e simpatizantes a imaginar o que se poderia "fazer como oito mil milhões de euros caso se renegociasse a dívida e o próprio serviço da dívida".

Bruno Simão
27 de Maio de 2017 às 16:30
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O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje não perceber o "autocontentamento" do ministro das Finanças na questão da dívida do país, considerando que sua renegociação é uma "questão fundamental".

Jerónimo de Sousa, que falava durante o almoço de apresentação dos candidatos autárquicos ao distrito de Vila Real, referiu que a resposta plena aos "problemas continua muito condicionada pelo limitado alcance das opções do Governo minoritário do PS que, nas questões mais estruturantes e fundamentais, continua a pautar-se pelas grandes orientações da política de direita".

"Por exemplo, vir afirmar, como o senhor ministro das Finanças afirmou, de que a dívida é sustentável, fugindo à questão de sabermos que temos uma das maiores dívidas do mundo e um serviço da dívida que constitui uma autêntica sangria desatada, já que pagamos oito mil milhões de euros só em juros", salientou Jerónimo de Sousa.

O líder comunista exortou os militantes e simpatizantes a imaginar o que se poderia "fazer como oito mil milhões de euros caso se renegociasse a dívida e o próprio serviço da dívida".


Por isso, acrescentou: "não percebemos este autocontentamento do ministro das Finanças porque a verdade é que a questão da renegociação da dívida é uma questão fundamental que deve empenhar o próprio país".

O secretário-geral do PCP salientou que "há ainda muito a fazer" em Portugal. "Não, não podemos exultar pelo que foi conseguido, porque estamos ainda longe de repor condições de vida perdidas nestes últimos anos, ou porque neste último trimestre crescemos 2,8%", frisou.

Defendeu que "é na ruptura com as opções da política de direita e na adopção de uma política determinada pela libertação do país da submissão ao euro, de renegociação de uma dívida que é insustentável e de ruptura com os interesses do capital monopolista, que residirão as condições para que o ritmo de crescimento que o país precisa não tenha um carácter conjuntural e se projecte de forma sustentável ao longo dos próximos tempos e com a criação de emprego de qualidade".

Jerónimo de Sousa falou ainda sobre o código de trabalho e a legislação laboral da Administração Pública.

"A questão dos direitos dos trabalhadores é, muitas vezes, uma linha de fronteira entre a esquerda e a direita e, se um partido que se afirma de esquerda, se põe contra os trabalhadores, impedindo a negociação da contratação colectiva e promovendo a caducidade dos contratos, não dando tratamento mais favorável ao trabalhador, então isto não é um partido com uma política de esquerda é um partido com uma política de direita que, nesta matéria, tem de considerar outra posição", frisou.

Nesta visita ao interior, Jerónimo de Sousa fez ainda questão de defender uma "efectiva e sustentada descentralização".

"Uma descentralização é inseparável da instituição das regiões administrativas e não apenas de simples reformulações das actuais estruturas desconcentradas da administração central, as comissões de coordenação e desenvolvimento regional, como a que apresenta o PS", reforçou.

O secretário-geral do PCP afirmou ainda que as próximas eleições autárquicas constituem uma batalha política de grande importância, pelo que "representam no plano local, mas também pelo que podem contribuir para dar força à luta travada nesta nova fase da vida política nacional".

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