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Governo protesta junto de Berlim contra declarações de Schäuble

Ao Expresso, o ministro Santos Silva, que considera como "injustas e inamistosas" as afirmações feitas por Schäuble, revelou que o Governo português já fez chegar a Berlim uma declaração de "desagrado" face ao ocorrido.

Augusto Santos Silva - Negócios Estrangeiros: Os muitos anos que leva a “[gostar de] malhar na direita”, como confessou em 2009 o ex-braço direito de Sócrates, valem a Augusto Santos Silva a quarta maior notoriedade espontânea (3,2%). Voltou a fazê-lo na semana passada – o actual ministro dos Negócios Estrangeiros acusou o anterior Governo PSD / CDS-PP de se ajoelhar perante a Alemanha quando tal não era necessário – e segue em Fevereiro com avaliações mais positivas (1,9) do que negativas (1,2).
Miguel Baltazar
01 de Julho de 2016 às 15:43
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O Governo português protestou junto do Executivo alemão contra as afirmações feitas esta semana pelo ministro germânico das Finanças, Wolfgang Schäuble, quando disse que Portugal teria de recorrer a um novo programa de assistência financeira se não assegurar o cumprimento dos objectivos orçamentais acordados com Bruxelas.

 

Em entrevista concedida ao jornal Expresso, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, revela que o Executivo português fez chegar a Berlim, "pelos canais diplomáticos habituais, o seu o desagrado, quer quanto à primeira, quer quanto à segunda versão" das declarações atribuídas a Schäuble.

 

O chefe da diplomacia portuguesa classifica de "injustas e inamistosas" as palavras proferidas pelo ministro alemão numa conferência de imprensa realizada na passada quarta-feira, em Berlim. Santos Silva vai mais longe ao considerar que as declarações do governante germânico são não apenas "injustificadas" como decorrem daquilo a que chama "padrão" das intervenções de Wolfgang Schäuble.

 

A entrevista só será publicada este sábado, na versão semanal do Expresso, mas o jornal adianta ainda que Santos Silva considera que a intervenção de Schäuble tem um natural "efeito negativo" no que concerne ao "mercado, taxas de juro e clima de confiança". E, citado pela Lusa, o ministro português, que esta sexta-feira participou numa conferência, em Lisboa, organizada pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) lamenta a oportunidade das afirmações do ministro alemão, especialmente tendo em conta que "não há nada na situação económica e orçamental portuguesa que possa justificar essas declarações".

Ainda assim dá o "incidente" como "encerrado" e ressalva que "Portugal e a Alemanha são países muito amigos, o canal diplomático funciona em ambos os sentidos e consideramos que a resposta alemã é muito satisfatória".

Antes de Santos Silva outros socialistas já se tinham pronunciando sobre o tema, mostrando um desagrado ainda maior do que o ministro que está, naturalmente, preso a um tipo de linguagem de perfil diplomático. Carlos César, presidente do PS, criticou a "arrogância persistente e insensata" do alemão, enquanto o deputado e porta-voz socialista, João Galamba,  se referiu a Schäuble chamando-o "incendiário".

 

Antes ainda tinha tomado posição o Ministério das Finanças, assegurando que não está em preparação nenhum novo resgate e reiterando que "o Governo continua e continuará focado no cumprimento das metas estabelecidas para retirar Portugal do Procedimento por Défices Excessivos. O mais recente sinal disso são os dados da execução orçamental conhecidos até ao momento". Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, preferiu relativizar o teor das declarações do responsável alemão. 

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