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FMI mais optimista sobre o crescimento no curto prazo, pessimista no longo
Na sua quinta avaliação pós-programa de Portugal, o FMI confirma que está mais optimista sobre o crescimento económico e sobre o défice orçamental de 2016 e de 2017. No longo prazo, o Fundo espera maior desaceleração.
Tal como outras instituições internacionais, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as previsões de défice orçamental do ano passado e deste ano, na sua mais recente publicação. Além disso, assume também que a economia vai crescer mais rápido. Os problemas surgem quando se olha mais para a frente: o FMI espera que a economia arrefeça nos próximos cinco anos até aos 1%.
A sua anterior previsão – feita em Setembro – era um défice de 3% do produto interno bruto (PIB), tanto em 2016 como em 2017. No entanto, na quinta avaliação pós-programa publicada esta manhã, os técnicos do FMI mostram-se mais optimistas, antecipando um défice de 2,6% para 2016 e de 2,1% para 2017. Recorde-se que, desde que esta avaliação foi feita (final de Janeiro), Mário Centeno já anunciou que o saldo orçamental ficará em 2,1% do PIB em 2016.
Ainda assim, o FMI deixa avisos importantes sobre a consolidação orçamental no curto e médio prazo. Nota que o saldo orçamental deste ano foi conseguido devido a uma execução abaixo do orçamentado do investimento público e dos consumos intermédios e antecipa que o défice de 2017 está dependente de medidas extraordinárias (dividendos do Banco de Portugal e garantia do BPP).
"A despesa vai novamente depender de congelamento de transferências orçamentais, em vez de medidas sustentadas que reformem a estrutura dos gastos públicos", pode ler-se no documento. "O orçamento parece também estar muito dependente das previsões de receita." Embora o FMI esteja mais optimista sobre o défice de 2017 (2,1% do PIB), está ainda longe da previsão de 1,6% do Governo.
No que diz respeito ao crescimento, as novas previsões do FMI foram feitas antes de serem conhecidos os dados do PIB para o último trimestre de 2016 (que voltou a surpreender pela positiva). Ainda assim, a informação que dispunham foi suficiente para rever em alta o crescimento de 2016 (de 1% para 1,3%) e de 2017 (de 1,1% para 1,3%).
"Um forte crescimento no terceiro trimestre de 2016 foi bem-vindo, seguindo-se a um crescimento fraco na primeira metade do ano, com sinais positivos na recuperação do emprego e uma modesta recuperação do investimento", refere o FMI. "O sector do turismo continua a ser uma área positiva, com outras exportações a desapontarem, com uma perspectiva equilibrada para o crescimento dos principais parceiros comerciais de Portugal."
Entretanto, o INE divulgou o crescimento económico para a totalidade 2016, que afinal ficou em 1,4%, graças à aceleração da economia na segunda metade do ano. Quando o FMI incorporar os dados do último trimestre na sua previsão é possível que tenha de rever em alta a sua estimativa para 2017.
No médio prazo, no entanto, o crescimento continuará a seguir uma trajectória descendente, até 1% em 2021. Aliás, o FMI está até mais pessimista no médio prazo. Na anterior avaliação esperava um défice de 1,2% entre 2018 e 2021. Agora, essa previsão foi revista para uma tendência de desaceleração, para 1,1% em 2020 e 1% em 2021.