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Centeno: "Sem rigor, podemos ter surpresas desagradáveis"

Entrevistado pelo jornal espanhol El País, o ministro das Finanças diz que "não podemos correr o risco de voltar atrás" e lamenta a dúvida das instituições internacionais sobre a aplicação da estratégia económica do Governo.

01 de Junho de 2017 às 10:54
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O ministro das Finanças defende que apesar das reivindicações dos sindicatos para aumentos salariais no Estado é necessário manter o rigor nas contas públicas, caso contrário o país arrisca voltar atrás no tempo e ter "surpresas desagradáveis".

"É natural e até saudável [que haja reivindicações dos sindicatos], mas não podemos perder de vista que nestes processos nada está garantido. Se não aplicarmos o mesmo rigor no dia-a-dia podemos ter surpresas desagradáveis, como tivemos no passado. Não podemos correr o risco de voltar atrás," alerta o titular das Finanças em entrevista ao El País, publicada esta quinta-feira, 1 de Junho.

Mário Centeno lamenta ainda que as instituições europeias tenham duvidado da estratégia de recuperação económica apresentada pelo PS e diz que a origem da crise económica e financeira não está no euro nem na globalização e que a sua resolução implicava a aplicação de estímulos.

"Enganaram-se totalmente" sobre a desconfiança das instituições internacionais

"Enfrentámos esse combate institucional inadmissível por parte das instituições, uma desconfiança política sobre a nossa capacidade de aplicar o programa do Governo. (…) enganaram-se totalmente," afirma, atribuindo ainda o cepticismo internacional ao facto de o país não ter cumprido as metas a que se propôs durante o programa de resgate.

Identificado na entrevista como o "protagonista da mudança portuguesa", o ministro diz que o país ganhou credibilidade no último ano e meio e que as avaliações das agências de notação financeira – três das quatro principais consideram as obrigações soberanas como investimento especulativo ou "lixo" – não reflectem a situação actual de Portugal, com mais exportações e menos dívida do sector privado.

"No contexto actual, a dívida é sustentável," defende, rejeitando a solução de reestruturação e apontando a redução por ano de três pontos percentuais neste indicador na próxima década como um objectivo de reduzir o que se deve mas também como factor promotor do crescimento.

"Não podemos correr o risco de voltar atrás" Mário centeno alerta que, sem rigor, "podemos ter surpresas desagradáveis"

No final do mês em que Portugal viu a Comissão Europeia propor a saída de Portugal do Procedimento dos Défices Excessivos (PDE) e um dia depois de o INE confirmar o crescimento de 2,8% da economia no primeiro trimestre, Centeno admite que o país e a Europa precisavam de reformas estruturais para sair da crise, mas acompanhadas de estímulos ao investimento.

"O problema da Europa não era de produção, mas sim de procura," argumenta, acrescentando que os países do Velho Continente aplicaram "uma receita errada, parcial e incompleta." Assim, a culpa da crise não foi do euro ou das condicionantes externas, defende. "Os políticos adoram desculpar-se com factores que não estão na sua área e a globalização é o recurso fácil para explicar as deficiências internas da política."

Sobre o sector financeiro, Centeno diz ter resolvido seis de sete problemas – falta o malparado, que deve, defende, ser tratado a nível europeu -, tantos quanto os cinco bancos estabilizados (BCP, BPI, CGD, Novo Banco, Banif) e o Fundo de Resolução.

"O discurso das reformas estruturais cansou as pessoas e impediu o efeito dessas mesmas reformas"
para o ministro das finanças, reformas sim, mas com estímulos
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