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ARC mais perto de colocar "rating" de Portugal no "lixo"

A agência de notação financeira baixou a perspectiva de Portugal para "negativa", devido ao fraco crescimento da economia num contexto de dívida elevada. Se o crescimento ficar abaixo de 1% e o défice acima de 3%, o rating descerá para "lixo".

Bruno Simão/Negócios
12 de Setembro de 2016 às 14:11
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A ARC Ratings reduziu o "outlook" do rating de Portugal de estável para negativo, ficando assim mais perto de colocar a classificação da dívida portuguesa no nível de "lixo".  Embora tenha reiterado o rating em "BBB-" (primeiro nível acima de "lixo"), ao cortar o "outlook" a agência de notação financeira sinalizou que, em caso de alteração, o mais provável será uma revisão em baixa, o que, a concretizar-se, fará com que a dívida pública portuguesa passe a ter uma classificação de BB+, o que já se encontra no nível especulativo, ou seja, de "lixo". 

 

A sustentar esta descida no "outlook", que tem um horizonte temporal de dois anos, estão os "receios crescentes sobre fraco crescimento da economia portuguesa, num contexto de uma elevada dívida", refere o relatório publicado na sexta-feira. Entre os factores que justificam esta visão mais pessimista para Portugal, a ARC cita também a "qualidade do crescimento de Portugal", já que a fraca progressão do PIB deve-se sobretudo ao consumo privado e não ao investimento, que "representa apenas 15% do PIB".

 

O processo de reestruturação do sector financeiro, mais lento e custoso do que o esperado; a exposição da banca nacional à dívida pública portuguesa; as incertezas relacionadas com o Brexit; e as dificuldades sentidas nos maiores mercados de exportações/importações (alusão provável a Angola e Brasil) são outros factores que a ARC refere pesarem de forma negativa sobre o rating atribuído a Portugal.

 

Entre os pontos que sustentam o actual rating, acima da categoria de "lixo", a ARC assinala o "compromisso do novo Governo com a consolidação orçamental, ainda que a um ritmo menor do que o anteriormente antecipado", bem como a circunstância de Portugal continuar com acesso à liquidez do BCE e dos mercados financeiros.

 

A ARC diz que parece possível Portugal obter um défice orçamental abaixo de 3% do PIB este ano e assinala que a gestão pró-activa da dívida pública está a conter os riscos associados ao elevado endividamento (131,6% do PIB).

 

No relatório publicado na sexta-feira, a ARC identifica os acontecimentos que poderão justificar uma revisão em baixa do rating: evolução orçamental que impeça uma redução da dívida pública e sinais de dinamismo económico mais fraco do que o antecipado. Traduzido em números: um crescimento abaixo de 1% do PIB e um défice acima de 3%.

 

Em sentido inverso, um crescimento superior ao esperado (acima de 2%) e uma redução mais acelerada da dívida pública (para valores abaixo de 100% do PIB) justificariam uma revisão em alta da notação financeira ou do "outlook".   

 

A ARC era anteriormente conhecida como Companhia Portuguesa de Rating. Os seus accionistas são agências de 'rating' na Índia (a Care Ratings), da Malásia (a MARC), no Brasil (a SR Ratings), em Portugal (Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco) e o Reino Unido (Enigma Investment Holdings Limited).

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