Notícia
ARC melhora perspectiva do "rating" de Portugal para "estável"
O crescimento da economia portuguesa e os resultados da consolidação orçamental justificam a melhoria no "outlook".
Seis meses depois de ficado mais perto de colocar o "rating" de Portugal no "lixo", a ARC Ratings voltou a atrás e recolocou o "outlook" (perspectiva) da dívida portuguesa em "estável". O "rating" permanece em "BBB-", ou seja, um nível acima de "lixo".
Em Setembro do ano passado a agência de notação financeira que tem a portuguesa Saer como accionista tinha descido a perspectiva da dívida portuguesa para "negativa", citando os "receios crescentes sobre fraco crescimento da economia portuguesa, num contexto de uma elevada dívida".
Numa nota publicada na sexta-feira à noite, a ARC Ratings destaca as notícias positivas no segundo semestre do ano, quer na economia europeia, quer na portuguesa, que afastaram estes receios sobre um fraco crescimento económico e evolução orçamental negativa.
"Portugal teve um segundo semestre de 2016 muito mais forte do que o esperado", refere a ARC, destacando o "bom final de ano, que providencia uma base forte para 2017", bem como "os resultados obtidos na frente orçamental, que aumentam o apoio por parte das instituições europeias".
A agência estima que o PIB de Portugal vai crescer acima de 1,5% este ano e em 2018, com a economia a ser suportada por perspectivas mais favoráveis para o investimento e exportações. "Tal significa o regresso do PIB a um ritmo de crescimento – em termos de qualidade e quantidade – muito mais compatível com o nível de ‘rating’ de Portugal, o que em conjunto com a provada resiliência, pragmatismo e compromisso com a consolidação orçamental do actual governo (…) justifica a melhoria da perspectiva", refere a ARC.
Para justificar o actual "rating" atribuído a Portugal, a ARC cita ainda "a capacidade e vontade de salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro português", bem como a "gestão proactiva" da dívida pública, descida do desemprego e acesso à liquidez do BCE e aos mercados financeiros.
Pela negativa a ARC cita a baixa competitividade da economia portuguesa, o elevado montante da dívida pública e do crédito malparado e os efeitos do Brexit e os riscos relacionados com o projecto da União Europeia.
A agência adianta que subirá o "rating" de Portugal caso a competitividade melhore de forma "substancial", com o PIB a crescer acima de 2% e ocorra uma descida do endividamento, com o rácio sobre o PIB a ficar abaixo dos 100%. Pelo contrário, cortará o "rating" caso ocorra um abrandamento na consolidação orçamental que impeça uma descida da dívida pública e que o crescimento do PIB fique abaixo de 1%.
As três principais agências de "rating" – S&P, Fitch e Moody’s - classificam a dívida de Portugal na categoria de investimento especulativo ("lixo"), enquanto a DBRS atribui um "rating" um nível acima de "lixo" (na mesma posição da ARC).
A ARC era anteriormente conhecida como Companhia Portuguesa de Rating. Os seus accionistas são agências de 'rating' na Índia (a Care Ratings), da Malásia (a MARC), no Brasil (a SR Ratings), em Portugal (Sociedade de Avaliação Estratégica e Risco) e no Reino Unido (Enigma Investment Holdings Limited).