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Vice-presidente do parlamento grego quer referendo "imediato"

Alexis Mitropoulos, deputado do Syriza, duvida que seja possível fechar um acordo "honorável" e defende que se deve realizar um referendo "sobre o andamento das negociações". 7 de Junho é a data mais referida em Atenas.

Reuters
12 de Maio de 2015 às 20:01
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"Ou chegamos a um acordo honorável ou convocamos um referendo imediatamente, porque há uma série de questões que não podem esperar", afirmou nesta terça-feira, 12 de Maio, Alexis Mitropoulos, conhecido membro do Syriza que é actualmente vice-presidente do Parlamento do país. Em declarações citadas pelo To Vima, Mitropoulos diz que a situação da Grécia "deu uma guinada negativa devido aos dilemas chantagistas colocados pelos credores", pelo que não acredita que seja possível fechar o tal acordo "honorável".

 

Mitropoulos defende que deverão ser os eleitores a decidir se o governo deve ou não chegar a um compromisso com a troika. O referendo não seria, assim, sobre a possibilidade de a Grécia permanecer no euro, mas sobre as chamadas "linhas vermelhas" que o governo colocou designadamente em torno da reforma do sistema pensionista, das privatizações e da contratação colectiva. "Independentemente do resultado, independentemente de um compromisso, as pessoas terão de pré-aprovar qualquer plano. Não aprovar após o facto consumado".

 

A possibilidade de organizar um referendo foi referida ainda em Abril pelo primeiro-ministro Alexis Tsipras e pelo seu ministro das Finanças Yanis Varoufakis, que admitiu também o cenário de eleições antecipadas.

 

Desde então, e à medida que se cristaliza o impasse nas negociações europeias e os cofres em Atenas vão ficando mais vazios, um número crescente de ministros e de deputados do Syriza tem vindo a defender a organização de um referendo, sendo 7 de Junho uma das datas mais referidas.

 

O Syriza chegou ao poder há quatro meses prometendo acabar com a austeridade e dispensar novos resgates, mas nenhuma dessas promessas parece ter pernas para andar se o plano passar por manter a Grécia no euro, como continua a ser o desejo de mais de 75% da população, segundo confirmam as mais recentes sondagens. Novas medidas de austeridade estão a ser reclamadas pela troika a troco da última parcela de 7,2 mil milhões de euros do actual pacote de assistência financeiras que expira no fim de Junho. E o governo grego não faz segrego de que quer negociar, o quanto antes, um novo programa - que designa de "contrato de crescimento" - para garantir as necessidades financeiras dos próximos três a quatro anos. "Se no final eu tiver um acordo que me coloca nos limites, não vou ter outra solução. O povo vai decidir, obviamente sem eleições", afirmou Tsipras em Abril.

 

Segundo alguma imprensa grega, esse cenário estará a ser discutido esta tarde, no âmbito da reunião do conselho de ministros agendada por Tsipras para debater os resultados da reunião de ontem do Eurogrupo. Dentro do Syriza, os ministros próximos da Plataforma de Esquerda, facção mais radical, estarão inclinados para uma solução que passe por eleições antecipadas, temendo que um referendo permita aos partidos da oposição cooperar com o Governo, tornando pouco claras as diferenças políticas entre as diferentes formações.

 

Ao fim de quase quatro meses de impasses, o Eurogrupo assinalou ontem alguns progressos nas negociações, pedindo  ao governo grego que concretize rapidamente as tais medidas alternativas (e equivalentes em termos orçamentais) de modo a que se possa fechar a quinta avaliação do segundo programa de assistência. Sem essas medidas aprovadas e implementadas, não haverá novas transferências para os depauperados cofres atenienses, avisou o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem. Um referendo ou eleições antecipadas impediriam o parlamento de aprovar medidas e tornariam o cenário de a Grécia entrar em incumprimento ainda mais iminente. Segundo a Reuters, a Grécia usou a conta de reserva que os países-membros têm junto do Fundo Monetário Internacional (FMI) para pagar hoje o reembolso de 750 milhões de euros devidos ao próprio FMI por conta do primeiro empréstimo que o país começou a receber em 2010.

 

A imprensa grega escreve ainda que, nos cofres do Estado central grego estarão agora apenas 600 milhões de euros angariados junto dos municípios e empresas e fundos públicos. Já as dívidas do Estado ao sector privado subiram mais de 10% em Março para 4,43 mil milhões de euros, com Atenas a adiar cada vez mais pagamentos, sobretudo a fornecedores.

 

Depois do desembolso desta semana ao FMI, Atenas tem de refinanciar 1,4 mil milhões de euros em bilhetes do tesouro ainda em Maio. Em Junho, tem de pagar mais 1,5 mil milhões ao FMI. Em Julho e Agosto, tem de devolver outros três mil milhões ao BCE. 

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