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Varoufakis: O meu país precisa de esperança

"As objecções moralistas à atribuição de ajuda à Grécia são muitas, o que nega ao seu povo uma oportunidade de alcançar o seu próprio renascimento", escreve o ministro helénico das Finanças num artigo publicado no Project Syndicate.

Reuters
04 de Junho de 2015 às 23:04
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Num artigo de opinião para o Project Syndicate, publicado esta quinta-feira, o ministro grego das Finanças recua até 1946 e recorda o "Discurso de Esperança" do então secretário de Estado norte-americano, James F. Byrnes, quando se deslocou a Estugarda no pós-guerra, dando a uma Alemanha tombada "a oportunidade de acreditar na recuperação, crescimento e regresso à normalidade".

 

"Sete décadas depois, é o meu país, a Grécia, que precisa dessa oportunidade", escreve Yanis Varoufakis.

 

"É claro que a Alemanha deve a sua recuperação e riqueza do pós-guerra ao seu próprio povo e ao trabalho árduo, bem como à sua inovação e devoção perante uma Europa unida e democrática. Mas os alemães não teriam conseguido o magnífico renascimento do pós-guerra sem o apoio expresso no ‘Discurso de Esperança", sublinha o ministro grego das Finanças.

 

E prossegue: "Actualmente, é o meu país que está encerrado nas mesmas circunstâncias e a precisar de esperança. As objecções moralistas à atribuição de ajuda à Grécia são muitas, o que nega ao seu povo uma oportunidade de alcançar o seu próprio renascimento".
 

"Está a ser pedida uma maior austeridade a uma economia que está já de joelhos, devido à mais pesada dose de austeridade a que alguma vez um país teve de se submeter em tempos de paz. Não há ofertas de alívio do encargo da dívida. Não há planos para impulsionar o investimento. E, evidentemente, até agora, ainda não houve qualquer ‘discurso de esperança’ para este povo tombado", diz Varoufakis.

 

"Uma das marcas das sociedades antigas, como a Alemanha e a Grécia, reside no facto de os problemas contemporâneos fazerem reviver velhos medos e fomentarem novas discórdias. Por isso, temos de ser prudentes. Não podemos dizer aos adolescentes que, devido a um qualquer ‘pecado pródigo’, eles merecem ser educados em escolas sem recursos e suportar o fardo do desemprego em massa, quer o cenário seja a Alemanha de finais da década de 40 ou a Grécia de hoje".

 

Varoufakis continua: "Enquanto escrevo estas linhas, o governo grego está a apresentar à União Europeia um conjunto de propostas com reformas profundas, gestão de dívida e um programa de investimento para relançar a economia. A Grécia está, de facto, preparada e desejosa de fazer parte de um bloco compacto na Europa que elimine as deformidades que a levaram a ser a primeira peça do dominó a cair, em 2010".

 

O ministro grego das Finanças reitera a necessidade de esperança e afirma que um ‘discurso de esperança’ para a Grécia "faria toda a diferença neste momento" – "não só para nós, mas também para os nossos credores, uma vez que o nosso renascimento acabaria com o risco de ‘default’".

 

No final do artigo, Yanis Varoufakis questiona-se sobre quem deveria fazer esse ‘discurso de esperança’ tão esperado por Atenas. E não hesita na resposta: "Em meu entender, o orador deveria ser a chanceler alemã, Angela Merkel".

 

O ministro das Finanças do governo de Alexis Tsipras considera que Merkel deveria pronunciar o seu discurso perante uma audiência em Atenas ou em Tessalónica ou numa qualquer outra cidade grega à sua escolha. "[Merke] poderia aproveitar a oportunidade para deixar entrever uma nova abordagem à integração europeia, a começar no país que mais sofreu, que foi vítima tanto da falhada concepção monetária da Zona Euro como dos erros da sua própria sociedade", sugere.


(notícia actualizada à 01:50)

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