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Schäuble: FMI está "cansado" de resgatar países europeus

O ministro alemão das Finanças admite que, no futuro, tenha de ser a Zona Euro a responsável única por financiar eventuais resgates dos seus países-membros. Para isso, é preciso reforçar o Mecanismo Europeu de Estabilidade. Mas…

1 de Março – Schäuble em entrevista a um jornal alemão

“Não queremos um 'Grexit'. Somos solidários, mas não extorsionários. Ninguém forçou a Grécia ao programa de ajuda. Por isso, está totalmente nas mãos do Governo de Atenas. Seria bom que o Governo grego não falasse de modo que nos seja difícil convencer os nossos cidadãos”.
20 de Abril de 2017 às 19:27
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Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, reconhece que o Fundo Monetário Internacional (FMI) esteja "cansado de estar sempre ocupado com os europeus" e que, no futuro, tenha de ser a Zona Euro a responsável única por financiar resgates dos seus países-membros.

Falando nesta quinta-feira, 20 de Abril, na Universidade John Hopkins, em Washington, o responsável alemão admitiu, por conseguinte, que os europeus terão de se preparar a eventualidade de montar futuros resgates "sem o apoio do FMI".

Esta é uma das propostas que estão sobre a mesa no quadro da reforma da governação da Zona Euro e que merece o apoio da Alemanha. Para a executar, será necessário reforçar o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e transformá-lo em algo mais parecido com um Fundo Monetário Europeu, com mais capacidade financeira mas também técnica, de modo a que esta instituição (actualmente sediada no Luxemburgo e presidida por Klaus Regling) possa assumir a concepção e a vigilância do cumprimento dos programas de ajustamento que sempre acompanham os empréstimos internacionais.

Estas alterações poderão exigir, em contrapartida, a partilha de mais responsabilidade orçamental. E aqui, poderá não haver muita margem política, acrescentou Schäuble. Numa altura em que vários eleitorados parecem reticentes em ceder mais poderes a Bruxelas, "não é realista pensar que, neste momento, podemos dar mais passos no aprofundamento da integração europeia", afirmou o ministro, que se encontra na capital norte-americana no quadro dos Encontros de Primavera do FMI.

A falta de políticas orçamentais e económicas comuns no euro, falha de concepção da união monetária desde o seu início, significa assim que os seus membros devem respeitar as regras que assumiram, incluindo a cláusula de não-resgate, que proíbe países de serem responsabilizados pelas dívidas de outros, concluiu o ministro alemão, citado pela agência Bloomberg.


Desde 2010, o FMI co-financiou os resgates de Irlanda, Portugal e Chipre, tendo entrado igualmente nos dois primeiros à Grécia. O Fundo fechou a porta a novos empréstimos ao país depois de, no Verão de 2015 sob instruções do então ministro das Finanças Yanis Varoufakis, não lhe ter sido reembolsado cerca de 1,6 mil milhões de euros no prazo previsto. Desde então, o Fundo presta apenas apoio técnico embora admita voltar a financiar o país se concluir que as medidas previstas no programa de ajustamento estão a ser efectivamente aplicadas por Atenas e se os europeus adoptarem novas medidas que permitam diluir mais no tempo o peso da dívida grega, que andará perto dos 180% do PIB.

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