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Parlamento grego aprova segundo pacote de reformas acordadas com os credores
O segundo conjunto de reformas levado esta quarta-feira à votação do parlamento helénico foi aprovado já na madrugada de quinta-feira. Alguns deputados do Syriza que votaram contra o primeiro pacote de reformas, há uma semana, deram esta noite luz verde às novas medidas. Entre eles está o ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis.
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Os deputados gregos aprovaram na madrugada desta quinta-feira, 23 de Julho, o segundo pacote de reformas acordadas com a troika e que são condição essencial para que o Governo helénico e os credores prossigam com as negociações para o terceiro resgate, no valor de 86 mil milhões de euros.
As reformas agora aprovadas abrangem a lei de reforma bancária, que irá implementar as directivas da União Europeia para garantir os depósitos bancários até 100 mil euros, e uma revisão do código civil da Grécia, para acelerar os processos judiciais.
Recorde-se que o partido de Tsipras, o Syriza, tem 149 assentos no parlamento. O seu parceiro de coligação, o ANEL (Gregos Independentes), conta com 13, o que dá 162 votos entre os 300 deputados.
Esta noite, 36 dos 149 deputados do Syriza votaram contra as reformas ou abstiveram-se/estiveram ausentes. Houve assim uma ligeira diminuição do número dos chamados rebeldes, já que na semana passada, na votação do primeiro pacote de medidas, foram 39 os dissidentes, lembra a Reuters.
Yanis Varoufakis, substituído como ministro das Finanças por Euclid Tsakalotos, votou sim às reformas levadas esta noite ao escrutínio dos deputados. Isto depois de na semana passada ter estado do lado do não quando se votou o primeiro pacote de medidas.
O ex-ministro das Finanças colocou já um texto no seu blog explicando as razões para ter votado favoravelmente esta noite: é porque apoia as reformas económicas que hoje estiveram em cima da mesa, sendo que até já as tinha proposto no passado.
No dia 10 de Julho, sexta-feira, apenas 145 dos 162 deputados da bancada do governo helénico [Syriza e o partido júnior da coligação, o Anel] deram luz verde a Alexis Tsipras para negociar em Bruxelas: oito abstiveram-se (nomeadamente o então ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, e a presidente do parlamento grego, Zoe Konstantopoulou), dois votaram contra e sete não estiveram presentes (entre os quais o ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que alegou questões familiares).
Nos termos da legislação parlamentar grega, os sete ausentes não são contabilizados como dissidentes, mas, para efeitos de contagem, Alexis Tsipras perdeu 17 membros da sua coligação. Tsipras precisou assim da oposição para conseguir os 151 votos necessários num total de 300 assentos no parlamento.
Na passada quarta-feira, 15 de Julho, numa nova votação crucial no parlamento, onde foram colocadas à aprovação dos deputados as primeiras medidas de austeridade acordadas entre Alexis Tsipras e a troika, o primeiro-ministro teve o apoio de apenas 123 dos 162 deputados da coligação governamental.
Ou seja, em menos de uma semana, os seus "rebeldes" passaram de 17 para 39. Nesta votação, Varoufakis esteve presente e votou contra. E, uma vez mais, Tsipras precisou da oposição para conseguir levar adiante aquilo a que se comprometeu com os credores de Atenas no sentido de manter o país no euro.
As consequências políticas fizeram-se sentir dois dias depois. A 17 de Julho, Tsipras remodelou o seu Governo.
(notícia actualizada às 03h38)