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Grécia: Receitas fiscais estão 2,3 mil milhões abaixo do previsto

Números oficiais apontam para que a arrecadação fiscal tenha ficado substancialmente aquém do previsto, assim como a despesa, no primeiro semestre do ano. Meta de 1% para o excedente primário proposta por Varoufakis poderá estar fora de alcance.

Reuters
23 de Julho de 2015 às 17:33
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Nos seis primeiros meses do ano, as receitas fiscais que entraram nos cofres do Estado grego ficaram 2,3 mil milhões abaixo do previsto, noticia o Kathimerini, citando dados divulgados pelo ministério das Finanças.


Neste primeiro semestre, a despesa pública manteve-se congelada, ficando quatro mil milhões de euros abaixo do antecipado no Orçamento do Estado em vigor, acrescenta o jornal grego.


Estas duas dinâmicas permitiram que o excedente primário (receitas menos despesas, sem contar com o serviço da dívida) tenha sido positivo, de 1,8 mil milhões de euros (cerca de 1% do PIB) contra um objectivo menos ambicioso de 1,2 mil milhões previsto no Orçamento ainda em vigor.

"No entanto, o custo de alcançar este resultado foi pesado, uma vez que envolveu a suspensão total dos pagamentos do Estado", escreve o jornal grego. Em causa está o congelamento do programa de regularização de dívidas do Estado e a acumulação de pagamentos em atraso, designadamente a fornecedores, que, segundo estimativas da troika, rondarão agora entre cinco e sete mil milhões de euros.


O "rombo" agora revelado nas receitas supera as estimativas de economistas, que esperavam menos de metade do desvio, e ainda não incorpora o impacto negativo na actividade económica decorrente da decisão do governo de impor controlo de capitais, que limitam, desde 29 de Junho, os levantamentos diários a 60 euros.

Já do lado da despesa, é esperado que esta aumente nos próximos meses, à medida que os novos empréstimos europeus permitam ao Estado grego maior folga, designadamente pagar dívidas aos seus fornecedores.

Isto significa que o défice orçamental grego tenderá a disparar e poderá já não estar ao alcance do governo grego a meta de terminar o ano com um saldo primário positivo de 1% do PIB, como defendido pelo ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis e aceite pela troika para este ano em vez dos 3% inscritos no Orçamento.

A forte degradação da conjuntura económica também não ajudará a compor os números. Em vez de um crescimento de 2,9% previsto em Novembro - sucessivamente reduzido para 2,5% em Fevereiro e para 0,5% em Maio - Bruxelas admite agora que a economia grega volte a sofrer uma recessão de até 4% este ano, e que continue em contracção em 2016. "Isto irá prejudicar a viabilidade dos objectivos orçamentais discutidos antes, o que deverá ser a razão para que ainda não existam  especificados objectivos de saldo primário no acordo preliminar", escrevia Silvia Merler, economista do Bruegel.

A Grécia e os credores enfrentam duas a três semanas de negociações para definirem políticas e objectivos a inscrever num memorando de entendimento para tentar garantir o financiamento do Estado grego nos próximos três anos. As necessidades de financiamento do Estado grego rondam os 82 a 86 mil milhões de euros. Destes, 25 mil milhões deverão servir para uma quarta recapitalização e reestruturação do sistema financeiro, maioritariamente detido pelo Estado.

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