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Oposição exige explicações a Tsipras por plano de regresso ao dracma

Partidos políticos pró-europeus exigem explicações formais ao governo pelo plano de Varoufakis. Dizem que há que apurar responsabilidade “política e criminal”. Ex-ministro das Finanças estava a preparar a possibilidade de regresso ao dracma, e diz que isso lhe foi pedido por Alexis Tsipras ainda em Dezembro, antes mesmo das eleições.

Bloomberg
Negócios 27 de Julho de 2015 às 19:37
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Vinte e quatro deputados do Nova Democracia entregaram nesta segunda-feira um requerimento formal exigindo a presença no Parlamento do primeiro-ministro Alexis Tsipras para dar explicações sobre os planos de regresso ao dracma, admitidos neste fim-de-semana por dois seus ex-ministros: Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças, e Panagiotis Lafazanis, ex-ministro da Energia.

Os deputados conservadores alegam que a criação de um sistema de pagamentos paralelo, que envolveu o acesso a contas e senhas de contribuintes, exige um apuramento criminal e político, na medida em que Tsipras sempre afirmou que estava na negociar no pressuposto de manter a Grécia no euro. Querem ainda saber se o ex-ministro das Finanças diz a verdade quando afirmou que a missão lhe foi pedida pelo próprio Alexis Tsipras ainda em Dezembro, antes mesmo das eleições.

Numa gravação obtida pelo jornal grego Kathimerini, e divulgada neste fim-de-semana, o ex-ministro das Finanças admite que esteve a preparar a possibilidade de regresso ao dracma e diz que isso lhe foi pedido por Tsipras ainda em Dezembro. A gravação foi feita em 16 de Julho, por ocasião de uma conferência com investidores organizada por um antigo ministro das Finanças do Reino Unido, Norman Lamont. Nela, Varoufakis diz que estava a preparar um sistema paralelo de transacções e que chegou a ter uma equipa de cinco peritos, liderada por um amigo de infância, a fazer “hacking” no sistema do Ministério das Finanças.

"O primeiro-ministro, antes de se tornar primeiro-ministro, antes de vencer as eleições em Janeiro, tinha-me dado luz verde para avançar com um plano B". "Eu montei uma equipa muito capaz, uma equipa pequena, como tinha que ser, porque isso tinha de ser mantido completamente em segredo, por razões óbvias”. "A dificuldade surgiu porque eu tinha de passar das cinco pessoas que o planearam para as mil que teriam de implementar [o plano B]. E porque eu tinha de receber uma outra autorização, que nunca veio”, diz Varoufakis nessa gravação.

O ex-ministro reagiu nesta segunda-feira, alegando que as suas afirmações foram descontextualizadas. "O grupo de trabalho trabalhou no Ministério das Finanças exclusivamente no âmbito das políticas do governo e as suas recomendações foram sempre no sentido de servir o interesse público, no respeito das leis e de manter o país na Zona Euro”.

Varoufakis não estaria sozinho e teria ao seu lado o agora ex-ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis. A revelação começou por ser feita pelo Financial Times que descreveu na sexta-feira o “plano B” de Lafazanis para fazer regressar a Grécia ao dracma. Este envolvia confiscar cerca de 20 mil milhões de euros de reservas em notas junto o banco central para financiar o esforço de reconversão para o dracma e até a prisão do actual governador do Banco central da Grécia caso este não cooperasse. O governo desmentiu, mas o próprio admitiu no domingo a existência desse plano – apenas recusou que estivesse a ser ponderado prender o governador.
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