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Juncker volta a desmentir versão apresentada por Tsipras

Juncker garante nunca ter proposto incluir a electricidade e os medicamentos no escalão mais elevado do IVA "e o primeiro-ministro [grego] sabe isso". "Não me preocupo com o governo grego, preocupo-me com o povo grego”, atirou o presidente da Comissão Europeia.

Reuters
16 de Junho de 2015 às 18:02
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A tensão entre Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, e o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, voltou a ficar patente nas mais recentes declarações do político luxemburguês. Esta terça-feira, 16 de Junho, Juncker voltou a acusar Tsipras de apresentar versões relativas às negociações que não correspondem à realidade.

 

A 7 de Junho, Juncker já acusara o governante grego de ter mentido aos deputados helénicos quando disse que as instituições credoras haviam apresentado uma proposta de pegar ou largar. Desta feita, o presidente da Comissão garante que, contrariamente ao veiculado por Tsipras, não propôs que a electricidade e os medicamentos passassem a ser taxados pelo escalão mais elevado do IVA "e o primeiro-ministro [grego] sabe isso".

 

Citado pela agência Bloomberg, Juncker aproveitou para deixar outra farpa a Alexis Tsipras ao dizer que "não me preocupo com o governo grego, preocupo-me com o povo grego".

 

O ex-primeiro-ministro do Luxemburgo esclareceu ainda que assumiu, ele próprio, a decisão de interromper, no último domingo, as negociações com as autoridades da Grécia. Explicou também que não voltou a manter nenhum tipo de contacto com o Executivo helénico depois da noite de domingo, "quando decidi interromper as negociações que, tendo em conta a posição assumida pelos gregos, não estavam a levar a lado nenhum".

 

"Culpo [as autoridades gregas] por dizerem coisas ao povo grego que não são consistentes com aquilo que eu disse ao primeiro-ministro grego", prosseguiu Juncker num acentuar de pressão sobre Alexis Tsipras. O avolumar da tensão e a deterioração verificada nas conversações entre as partes já tinha ficado clara aquando do discurso feito esta tarde por Tsipras no parlamento grego. 

O primeiro-ministro acusou o Fundo Monetário Internacional (FMI) de ter "responsabilidade criminal" na crise vivida na Grécia desde a adopção do primeiro memorando em 2010. Discurso que também serviu para acusar o Banco Central Europeu (BCE) de tentar asfixiar financeiramente o país. Alexis Tsipras apresentou ainda o que considera ser paradoxal: o facto de as instituições europeias assumirem como boas as recomendações mais duras do FMI, ignorando as reiteradas mensagens do Fundo que sustentam o cancelamento de parte da dívida helénica como essencial à recuperação económica e financeira do país. 

Mais longe foi o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, que também esta terça-feira assegurou que Atenas não aceitará fazer mais concessões além daquelas assumidas na proposta apresentada aos credores no último fim-de-semana e que acabou por ser recusada.

Depois da evolução registada nas negociações no que concerne ao mercado laboral,as maiores diferenças parecem agora subsistir na exigência, por parte dos credores, designadamente a Comissão Europeia, de que a Grécia aplique medidas que permitam poupar 1.775 milhões de euros em pensões. Há ainda a questão do IVA, que Atenas insiste manter com três diferentes escalões, enquanto os credores exigem a supressão do escalão mais reduzido. 

Diferenças que não parecem subsistir em relação ao orçamento da Defesa, um dos maiores, em proporção, de todos os países da União Europeia. Nas medidas apresentadas pelo Executivo grego aos credores surge um corte de 200 milhões de euros na Defesa. Juncker disse hoje que também sugeriu "cortes modestos" no orçamento da Defesa. Curiosamente, depois das eleições chegou a ser ponderado um reforço do orçamento da Defesa, isto depois de Panos Kammenos, líder dos Gregos Independentes, com quem o Syriza se coligou para assegurar uma maioria no parlamento, ter assumido a pasta.

(Notícia actualizada às 18h23)

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