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Grécia já começa a pensar no regresso aos mercados após queda nos juros
Taxas de juro associadas à dívida a dez anos estão a recuar acentuadamente, abaixo dos 9%, depois de a Fitch ter subido o “rating” da Grécia que permanece, ainda assim, bem fundo na classe de investimento especulativo, ou “lixo”. Analistas antecipam que no próximo ano Atenas começará a tentar recuperar o acesso ao mercado de dívida de longo prazo.
As taxas de rendibilidade associadas aos títulos de dívida grega que se trocam no mercado secundário estão nesta quarta-feira, 15 de Maio, a cair acentuadamente, possivelmente em resposta à decisão da Fitch que terça-feira subiu um nível, de CCC para B-, a classificação de risco da dívida pública do país que permanece, ainda assim, seis níveis abaixo do patamar que lhe permitirá sair da classe de investimento especulativo, ou “lixo”.
As taxas de juro da dívida a dez anos recuam mais de 66 pontos base para 8,648% e, segundo analistas consultados pela agência Bloomberg, Atenas poderá já no próximo ano tentar começar a recuperar o acesso progressivo ao mercado de dívida de longo prazo.
Após dois empréstimos externos, globalmente de 240 mil milhões de euros, intermediados pela maior reestruturação de dívida dos tempos modernos, o Estado grego tem feito apenas leilões de dívida de muito curto prazo. Segundo a Associated Press, no último foram vendidos 1,3 mil milhões de dívida com 13 semanas de maturidade, tendo Atenas oferecido uma taxa implícita de rendibilidade (“yield”) de 4,02%. Sendo um valor elevado – a título de comparação, Portugal colocou hoje dívida a seis meses com uma “yield” média de 0,811% – traduz a taxa mais baixa desde Abril de 2011.
O ministro das Finanças, Yannis Stournaras, afirmou na semana passada que uma primeira emissão de dívida de longo prazo poderá ser tentada em finais de 2014. O sucesso das colocações irlandesa e portuguesa poderão fazer Atenas antecipar esse calendário. Mas “há circunstâncias negativas que funcionam como barreiras a um regresso aos mercados que não existiam no caso da Irlanda e de Portugal”, refere Michael Michaelides, do RBS em Londres, lembrando que a Grécia “entrou, de facto, em incumprimento” quando há pouco mais de um ano reestruturou a dívida e impôs pesadas perdas aos investidores, o que “torna muito mais difícil atrair investidores de volta”.
A Grécia vive o sexto ano de recessão, estando o desemprego em valores recorde, ao atingir 27% da população activa. O relatório da Fitch que acompanha a subida do "rating" constata diversos progressos, mas adverte que a recuperação económica “ainda não é tangível, e a resistência às reformas ainda é elevada”.
O primeiro-ministro Antonis Samaras antecipa o retorno a um crescimento modesto no próximo ano. Samaras partiu hoje para uma visita de três dias à China, que será seguida de uma escala no Azerbaijão, para promover investimentos na Grécia.