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Governo italiano aposta em obras públicas e já admite défice superior a 3%

O colapso do viaduto em Génova pode servir de pretexto para o governo italiano avançar com um "grande plano de investimentos em obras públicas". Nesse sentido, Roma admite poder registar um défice superior a 3% do PIB em 2019.

Reuters
David Santiago dsantiago@negocios.pt 20 de Agosto de 2018 às 18:57

Poderá estar em perspectiva uma nova frente de combate entre as autoridades italianas e as instâncias de Bruxelas, dado que o governo transalpino não descarta a possibilidade de aumentar a despesa pública em 2019, elevando o défice orçamental acima do limite de 3% do PIB estabelecido pelas regras europeias.

Esta segunda-feira, 20 de Agosto, Giancarlo Giorgetti, o vice-presidente do Conselho de Ministros do governo transalpino, membro da Liga de Matteo Salvini, afirmou, em entrevista à Sky TG24, que "não exclui nada" um défice superior a 3% no próximo ano devido à necessidade de financiamento de obras de melhoramento de infra-estruturas essenciais tais como pontes, estradas ou escolas.

"Esperemos que agora [essas obras públicas] sejam interpretadas de outra forma pela União Europeia", explicou Giorgetti admitindo que "será uma negociação difícil" com Bruxelas.

O argumento do executivo de coligação entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas (liderado por Luigi Di Maio) é que a queda do viaduto Morandi em Génova confirmou o estado de degradação das infra-estruturas decorrente do continuado desinvestimento em obras públicas. O objectivo é inverter a tendência e apostar agora na melhoria e renovação dessas infra-estruturas.

Esta posição de Roma vem adensar as dúvidas e receios de Bruxelas e investidores quanto ao compromisso do governo liderado por Giuseppe Conte com a consolidação das contas públicas transalpinas – Itália detém a segunda maior dívida pública da área do euro (132% do PIB).

É que além da intenção agora anunciada de apostar em investimento de obras públicas, o executivo de Conte pretende também cumprir as principais promessas eleitorais do 5 Estrelas (rendimento de cidadania) e da Liga (corte de impostos a famílias e empresas), assim como concretizar uma reforma ao sistema de pensões, tudo medidas que implicarão uma importante redução da receita e um aumento da despesa.

Ora, as dúvidas quanto à eficácia destas medidas e o medo de que as mesas desequilibrem ainda mais as contas públicas do Estado italiano levaram já em mais do que uma ocasião a movimentos consistentes de subidas dos juros da dívida pública transalpina.

O anterior governo (PD, centro-esquerda) acordou com Bruxelas um objectivo para o défice de 1,6% do PIB neste ano e de 0,8% em 2019.

Para já certo para ser que a meta do défice será aumentada, tal como já garantiu o governo numa ocasião anterior, defendendo que do mandato atribuído pelos eleitores italianos decorre a necessidade de apostar no crescimento económico. A proposta final para o Orçamento deverá conhecida em 20 de Outubro.

A agravar as dificuldades está a decisão hoje revelada pela agência de notação financeira Moody’s que colocou a dívida transalpina sob revisão com uma possível descida da classificação no horizonte.

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