Notícia
Défice grego está abaixo do previsto
A quebra nas receitas foi mais do que compensada pela retracção da despesa pública, revelam dados do Ministério grego das Finanças relativos aos primeiros oito meses do ano.
O défice orçamental da Grécia cifrou-se em 1,1 mil milhões de euros nos oito primeiros meses do ano, segundo dados do Ministério das Finanças citados pela Bloomberg. Este valor fica mais de duas vezes aquém do registado em igual período do ano passado e quase 600 milhões de euros abaixo do previsto no Orçamento.
A explicar esta redução do défice está o facto de a quebra das receitas – o Estado encaixou 30,8 mil milhões de euros, abaixo dos 34,9 mil milhões previstos, entre Janeiro e Agosto - ter sido mais do que compensada pela descida da despesa pública, que totalizou 31,9 mil milhões de euros, quando estavam orçamentados 36,6 mil milhões.
No quadro do terceiro resgate, a troika flexibilizou significativamente as metas orçamentais. Em vez do excedente primário (sem juros da dívida) de 3% previsto no Orçamento ainda em vigor (aprovado ainda pelo Nova Democracia à revelia da troika), antecipa-se agora um défice primário de 0,25% do PIB, seguido de excedentes de 0,5% em 2016, 1,75% em 2017 e 3,5% do PIB em 2018.
A flexibilização das metas orçamentais reflectiu a degradação da conjuntura. Em vez do crescimento de 2,9% e de 3,7% que há um ano era previsto por Bruxelas para 2015 e 2016, o cenário-base que acompanha o memorando de entendimento do terceiro programa de assistência, negociado em Agosto, assume que a economia grega sofrerá uma contracção entre 2,1% e 2,3% em 2015, seguida de um novo recuo de 0,5% no ano seguinte. Só em 2017 deverá a Grécia voltar a crescer: 2,3% é a previsão mais actual da troika.
A evolução recente do PIB tem vindo, porém, a surpreender. De acordo com os dados do instituto grego de estatística, o Elstat, a economia grega cresceu 0,9% no segundo trimestre, após uma estagnação nos três primeiros meses do ano. Estes números ainda não reflectem o impacto das medidas de controlo de capitais introduzidas pelo país no final de Junho (designadamente a limitação de levantamentos a 60 euros) e podem estar inflacionados pela corrida à compra de bens essenciais que se observou antes da imposição destas restrições.