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Centeno: "Estou ansioso por começar"

Mário Centeno será o próximo presidente do Eurogrupo a partir de 13 de Janeiro. Nas breves primeiras palavras que deixou após a vitória, Centeno diz-se ansioso por começar, e coloca o enfoque nos consensos que procurará para reformar a Zona Euro. Grécia e aprofundamento da Zona Euro estão na agenda.

Reuters
04 de Dezembro de 2017 às 16:46
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"Estou ansioso por começar". Foi assim que terminou o breve primeiro comentário que Centeno fez após a divulgação da sua vitória na corrida para a liderança do Eurogrupo, falando numa conferência de imprensa, ladeado pelo ainda presidente, Jeroen Dijsselbloem, por Pierre Moscovici, o comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros, e Klaus Regling, o presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, do qual Centeno também passará a ser presidente do Conselho de Governadores.

"É uma honra ser o próximo presidente do Eurogrupo, uma honra pela importância do grupo, e pela qualidade dos meus colegas", começou por dizer o português, agradecendo aos restantes ministros, em particular os que foram a votos, e sublinhando, como já havia escrito na sua carta de candidatura, que os próximos meses são particularmente importantes: "Temos uma janela de oportunidade única para preparar as nossas sociedades melhor".

Nesse trabalho, os consensos são fundamentais, defendeu: "Eu serei apenas o presidente do Eurogrupo. O grande trabalho estará com os Estados-membros, com a Comissão Europeia, com todas as instituições, com as quais trabalharei para procurarmos consensos, que é aliás o legado que Jeroen Dijsselbloem nos deixa, e que lhe agradeço".

Os dois chapéus de Centeno


Nas respostas que foi depois dando aos jornalistas, Centeno esquivou-se às perguntas sobre o potencial conflito entre ser presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças de Portugal, um país que tem desafiado os limites das regras orçamentais europeias e cujo governo é apoiado à esquerda, e também sobre que alterações pretende implementar face ao seu antecessor, Jeroen Dijsslebloem, que já criticou no passado.

Questionado sobre o facto de em Portugal o seu governo ser apoiado por PCP e Bloco de Esquerda, dois partidos que criticam o euro, Centeno remete respostas para o ministro e para Lisboa, e não para Bruxelas e para o presidente-eleito do Eurogrupo: "Os assuntos de política doméstica tratamos em casa. Houve um grande consenso [nacional] em torno da candidatura. [Mantemos] a determinação firme do governo português para continuar a contribuir para a construção da União Europeia e da Zona Euro", respondeu.

E quando questionado sobre o facto do comunicado do Eurogrupo notar que o seu Orçamento está em risco de incumprimento, e convidar o país a tomar as medidas necessárias para cumprir as regras do Pacto de Estabilidade, a resposta foi semelhante, mas lá foi desvalorizando: "O comunicado do Eurogrupo é muito claro e comparável ao do ano passado. Lidaremos com isso", afirmou.

Finalmente, sobre as críticas ao excesso de austeridade e à capacidade de gerar consensos numa Europa desconfiada e com posições divergentes, respondeu estabelecendo prioridades para o futuro: "precisamos que a estabilidade financeira seja nossa aliada no futuro, precisamos de focar na convergência", disse, acrescentando: "É muito importante que construamos uma Zona Euro que é resiliente e que responde às necessidades dos cidadãos europeus". "Temos de construir consensos, continuar o nosso debate [para encontrarmos as melhores políticas], e não o conseguiremos fazer se não formos juntos. Todos os países contam", reforçou. Para Centeno "não faltam ideias para promover o crescimento inclusivo" e, apesar das diferentes posições, há um "grande sentido de unidade" no Eurogrupo, garantiu.

Grécia e reforma da Zona Euro na agenda

Na conferência de imprensa Dijsselbloem, Regling e Moscovici felicitaram o português pela vitória, e os dois últimos explicitaram os dois temas mais prementes para os primeiros meses de Centeno no cargo: a conclusão do programa de ajustamento na Grécia e o debate sobre a reforma e aprofundamento da Zona Euro.

"Estou muito feliz para vitória" e "parabéns amigo" disse o comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros, que na intervenção destacou o trabalho que Centeno terá "a conduzir os trabalhos do Eurogrupo sobre o aprofundamento" da União Monetária e a garantir uma "conclusão suave do programa grego" no Verão de 2018. "Estou ansioso que trabalhemos como uma equipa".

Klaus Regling, o presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, que empresta dinheiro a Portugal, diz que nos últimos dois anos "trabalhou muito" com Centeno e percebeu que é um "economista apaixonado" que "desempenhou um papel importante" na "história de sucesso" que é Portugal. Para Regling a reforma da Zona Euro e a conclusão do programa grego também são os temas mais urgentes a tratar. Uma curiosidade da eleição de Centeno é que passará também a ser o presidente do Conselho de Governadores do Mecanismo Europeu de Estabilidade, ao qual Regling responde.

Nas intervenções, tanto Moscovici como Regling deixaram vincados elogios a Dijsselbloem, que liderou o Eurogrupo nos últimos cinco anos, e durante uma crise existencial da Zona Euro. 

* Jornalista em Bruxelas

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