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Carlos Costa: Comissão Europeia "no modelo actual não funciona"
O governador do Banco de Portugal disse hoje que, no futuro, a Europa vai ter de legitimar o poder executivo através de eleições e que a Comissão Europeia tem de ser reformulada porque "no modelo actual não funciona".
Segundo Carlos Costa, depois de concretizadas a União Bancária e a União Financeira, a União Europeia vai continuar a confrontar-se com o problema de não ter uma União Orçamental e então vai surgir uma questão: "Onde está o ministro da economia e das finanças da Europa?", antecipou.
Nessa altura, que para o governador chegará "mais cedo do que se pensa" dado o ritmo que a globalização impõe, a Europa vai questionar a legitimidade do poder que irá impor vontades aos Estados-membros, pelo que é necessário começar a pensar na forma como é nomeada e como se estrutura a Comissão Europeia, o poder executivo europeu.
"É preciso um centro de coordenação político legitimado que resulta de um processo eleitoral. Não chega só nomear o Parlamento Europeu, mas também é necessário o poder executivo", disse Carlos Costa, para quem "a Comissão [Europeia] no modelo actual não funciona" porque "é um senado e não uma comissão".
"Seria melhor criar um órgão que discute iniciativas políticas, mas confia a um executivo as políticas. Neste momento, o colégio [de Comissários], numa Europa de 28 Estados membros, não consegue dar tempo aos seus membros para se pronunciarem sobre os pontos da agenda", considerou o responsável pelo supervisor e regulador bancário.
Carlos Costa participou hoje na conferência 'Para onde vai a Europa?', organizada pela Associação Portuguesa de Seguradoras (APS), no Museu do Oriente, em Lisboa.