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Adeus lat, olá euro!

Desde esta quarta-feira, 1 de Janeiro de 2014, a Letónia é o 18º membro de um clube que, mesmo em crise, continua a captar novos sócios.

Reuters
01 de Janeiro de 2014 às 12:25
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Desde esta quarta-feira, 1 de Janeiro de 2014, a Letónia é o 18º membro de um clube que, mesmo em crise, continua a captar novos sócios. Depois da  Estónia, em 2011, a Letónia é o segundo país do Báltico a aderir ao euro e, se tudo correr como o previsto, em 2015 será a vez da Lituânia.

 

Para estes três Estados do Báltico, a adesão ao euro é fundamentalmente o corolário do que os levou a entrar na União Europeia e na NATO: consolidar a independência, apenas reconquistada em 1991, face a Moscovo.

 

Em 2008, no rescaldo da crise financeira, a Letónia, que acumulava um enorme défice externo superior a 20% do PIB, viu-se a braços com uma tremenda crise bancária e, privada de financiamento, foi forçada a pedir um empréstimo de 7,5 mil milhões de euros à União Europeia e ao FMI. 

 

Contra a recomendação de muitos, o Governo manteve a moeda do país atrelada ao euro, com uma margem de flutuação de apenas 1%, como decidira em Maio de 2005, e optou por restaurar o equilíbrio externo através de uma desvalorização interna,  seguindo uma rigorosa receita de austeridade, levada por vezes além do que prescreviam os credores.

 

Depois de ter caído 3,3% em 2008, a economia afundou 17,7% em 2009 e mergulhou mais 0,9% em 2010, mas desde então tem crescido acima de 4%, sendo o mais veloz dos países europeus.

O défice externo passou de mais de 22% para menos de 2%, tendo o saldo sido pontualmente positivo nos anos mais agudos da recessão. O défice orçamental passou de 9,8% em 2009 para menos de 2% em 2011.

 

Em contrapartida, muitos jovens abandonaram o país, as desigualdades sociais acentuaram-se e o desemprego permanece elevado, em torno de 13%, valor que ainda duplica o dos níveis pré-crise, embora esteja já distante do “pico” de 20,5% atingido em 2010.

 

Os mercados recompensaram a disciplina orçamental e a manutenção dos planos de adesão à Zona Euro que significou a eliminação do risco cambial: os “juros” da dívida pública a cinco anos passaram de 12% em Março de 2009 para um mínimo histórico de 1,7% no final de 2012.

 

Aproveitando as condições favoráveis do mercado, Riga emitiu dívida que lhe permitiu pagar a totalidade do empréstimo pedido ao FMI com quase três anos de avanço.

 

As sondagens sugerem que a maioria da população está contra o abandono do lat, mas o Parlamento recusou a possibilidade de realização de um referendo pelo facto de a entrada no euro estar prevista no quadro da adesão à própria União Europeia em 2004, que foi precedida de consulta popular.

 

A população do país é composta por letões (59%) e russos (29%), mais de um terço dos quais vivem na capital, Riga. Entre os letões mais famosos conta-se o pintor expressionista Mark Rothko.

 

A entrada no euro surge no contexto de alguma instabilidade política. Valdis Dombrovskis (na foto), primeiro-ministro desde Março de 2009, está demissionário – e sem sucessão à vista – desde o final de Novembro, quando assumiu as “responsabilidades políticas” pela tragédia do desabamento da cobertura de um supermercado em Riga que provocou a morte de 54 pessoas.   

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