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Varoufakis acredita que “Brexit” pode conduzir ao fim da União Europeia

Yanis Varoufakis, que vai ser conselheiro do Partido Trabalhista, defende que os britânicos devem ficar na União Europeia e provocar a mudança a partir de dentro. O ex-ministro das Finanças grego acrescenta que é “irrealista” sair do bloco europeu sem abandonar o mercado único.

Reuters
Inês F. Alves inesalves@negocios.pt 29 de Fevereiro de 2016 às 10:15

No seu blog pessoal, Yanis Varoufakis, ex-ministro das Finanças grego, escreve que "um 'Brexit' iria, inexoravelmente, causar rupturas na União Europeia que conduziriam ao desmantelamento efectivo da União". No seu entendimento, o Reino Unido só deve sair se "estiver preparado para abandonar também o mercado único, com um plano credível para reconfigurar a sua economia".

Segundo Varoufakis, há duas razões para que a "irracionalidade e o autoritarismo da União Europeia não reforcem o argumento em favor do Leave [nome da campanha a favor do 'Brexit']", nomeadamente, o facto de "a soberania não poder ser reclamada enquanto [o país] se mantiver no mercado único" e, depois, "o facto de um 'Brexit' tornar mais rápida e quase certa a fragmentação da UE", algo a que o Reino Unido não ficaria imune.

"O mercado único não é o mesmo que uma área de livre comércio onde não há tarifas ou quotas. Também envolve três elementos cruciais: 'standards' industriais comuns, leis de protecção do trabalho comuns, e leis de protecção ambiental comuns", explica o ex-responsável grego.

"Nenhuma noção é mais fantasiosa do que a ideia de que a soberania democrática britânica pode ser reclamada através de um 'Brexit' enquanto o Reino Unido se mantiver no mercado único", acrescenta.

Varoufakis acredita que "a UE se está a desintegrar à medida que falamos", e que um Brexit causaria uma ruptura "mais rápida e quase cerca", que "consumiria" também o Reino Unido "no vortex provocado pelo barco da UE a afundar".

O Reino Unido sentiria o impacto ao nível das exportações e, do ponto de vista político, iria nascer uma "Europa inimiga dos valores que os democratas britânicos estimam, e hostil a uma Grã-Bretanha democrática".

Assim sendo, ao votar para sair do bloco europeu, os britânicos estariam a "devastar o ambiente em que um recém Reino Unido emancipado precisaria de trabalhar e viver", defende.

Neste sentido, Varoufakis acredita que a mudança pode acontecer de dentro para fora e salienta que "o Reino Unido não é a Grécia", é antes "um país poderoso com capacidades únicas, dada a sua longa tradição democrática (que é respeitada pelos dois lados da política britânica), para confrontar os processos decisórios antidemocráticos da União Europeia".

O ex-ministro apela aos britânicos que não optem pela via "preguiçosa" de sair, mas que "fiquem e trabalhem" no sentido de "democratizar a União Europeia".

A publicação no blog do ex-responsável grego este domingo antecede a notícia avançada pela imprensa britânica, e citada pela Reuters, de que Varoufakis vai ser conselheiro do Partido Trabalhista britânico.

Jeremy Corbyn, líder do partido desde 2015, disse que Varoufakis vai aconselhar a formação política "até certo ponto", dada a sua experiência de negociações enquanto ministro das Finanças grego.

"Varoufakis é interessante, porque ele esteve obviamente em todas as negociações [com o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional]", disse Corbyn ao Islington Tribune.

"Eu percebo que não estamos na Zona Euro, mas é uma questão de entendermos como desafiamos a noção de que pode se pode ‘cortar’ no caminho para a prosperidade, quando na verdade tens de crescer no rumo à prosperidade", disse, acrescentando que considera a forma como a Grécia tem sido tratada "terrível".

Corbyn vai fazer campanha a favor da permanência do país na União Europeia no referendo deste ano, argumentando ser um Estado-membro é a melhor maneira de melhorar as leis de protecção social e de emprego.

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