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Sete riscos políticos que ameaçam a Europa

Embora a confiança na economia da Zona Euro esteja em máximos históricos, há riscos políticos a fervilhar em toda a União Europeia que ainda ameaçam a frágil recuperação do bloco.

Bloomberg
01 de Novembro de 2017 às 14:58
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Ajudada por mais de 2 biliões de euros em compras de títulos pelo Banco Central Europeu (BCE), a economia da região ganhou fôlego. No entanto, o resultado eleitoral pior do que o esperado conseguido pelo partido da chanceler Angela Merkel na Alemanha e a queda da popularidade do presidente francês Emmanuel Macron diminuíram as esperanças de renovação do centro franco-germânico da UE. Eleições em Itália e a repressão na Catalunha sem resolver o clamor por autonomia colocam em risco estas economias e lançam dúvidas sobre a retoma da actividade no bloco.

 

A política monetária acomodatícia do BCE acalmou os mercados e impulsionou a economia, mas também deixou os integrantes do bloco complacentes em relação a reformas necessárias, o que pode exacerbar crises futuras, de acordo com Carsten Nickel, director da Teneo Intelligence. Quando o BCE apertar as condições monetárias, "todo o risco político passará para a linha da frente", prevê o mesmo responsável.

 

Secessão da Catalunha

Após o Parlamento catalão votar pela declaração de independência de Espanha na semana passada, o primeiro-ministro Mariano Rajoy usou poderes extraordinários concedidos pelo Senado para expulsar os separatistas. O esforço de Rajoy para manter a unidade da Espanha prevalece por ora, mas as eleições em 21 de Dezembro criam incertezas em relação ao futuro constitucional da região que representa aproximadamente 20% do PIB espanhol.

 

Eleições em Itália

A quarta maior economia da UE realizará eleições no primeiro semestre de 2018, num processo que deixa as autoridades em Bruxelas ansiosas em relação às implicações para o sistema económico e financeiro do país. As eleições devem testar o relacionamento ambíguo da Itália com o euro, o endividamento crescente e os problemas do sistema bancário, que ainda está a tentar livrar-se de activos tóxicos.

 

Coligação na Alemanha

Passadas cinco semanas desde as eleições na Alemanha, os quatro partidos envolvidos nas negociações para ã formação de uma coligação ainda não chegaram a concordo sobre algumas questões importantes como o futuro da Zona Euro, a protecção do clima e a reforma da imigração. O acordo final vai determinar a postura do governo alemão em relação a algumas das questões mais importantes para a UE e pode guiar a evolução dos principais debates que acontecem no bloco. O resultado das negociações de coligação também pode decidir se Merkel continuará com papel dominante na UE ou se o seu poder diminuirá.

 

A posição de Macron em França

Embora a ascensão de um candidato favorável ao euro como Macron tenha dado força à UE, a queda da popularidade do presidente francês desde que foi eleito leva muita gente a duvidar que o presidente de 39 anos conseguirá implementar as mudanças que defende para a França e para a Europa.

 

Brexit

As negociações para a saída do Reino Unido da UE permanecem num impasse, apesar das promessas de ambas as partes para acelerar o processo. Persistem as diferenças em relação a questões como a conta final que o Reino Unido terá de pagar quando sair. Os dois lados dizem que desejam um acordo justo, mas países da UE concordaram em elaborar planos entre si caso não haja progresso relevante quando os líderes se encontrarem em Dezembro.

 

O facto de haver ou não um acordo para o Brexit até Março de 2019 vai determinar não só o acesso do Reino Unido ao seu maior mercado como também a possibilidade de as empresas europeias continuarem a vender os seus produtos para os britânicos de forma ininterrupta.

 

Distância entre Europa Ocidental e Leste Europeu

O governo polaco é o principal alvo da campanha da UE para conter estados menos alinhados. Líderes populistas na Polónia e na Hungria foram encorajados pela eleição de Donald Trump à Casa Branca e pela decisão do Reino Unido de sair da UE, desafiando o bloco em questões como legislação e migração.

 

A vitória de um partido de oposição ao euro nas eleições ao Parlamento da República Checa também enfraqueceu o esforço por uma maior integração da UE e ressaltou a influência de partidos contrários ao "establishment" no bloco. Na Áustria, os eleitores abriram caminho para o Partido da Liberdade, de carácter nacionalista, entrar no governo, sinalizando uma guinada à direita que pode fazer do país um aliado menos confiável para os seus parceiros europeus.

 

Migração

O fluxo de imigrantes continua a preocupar os líderes da UE, que concordaram com uma abordagem que inclui "vigilância em todas as rotas migratórias e prontidão para reagir a novas tendências". O bloco lida com o maior volume de entrada de migrantes desde a Segunda Guerra Mundial, ameaçando a livre circulação de pessoas sem visto pela Europa. A situação está menos grave do que em 2015, quando foram registados 1,82 milhão de episódios ilegais de cruzamento de fronteiras na UE, mas ainda tem grande importância em países como Áustria e Alemanha, onde a migração é um assunto de peso para o eleitorado.

(Texto original: Europe Is Doing So Well Even Politics Can’t Drag It Down)

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