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Presidente ucraniano sossega depositantes de banco nacionalizado
Petro Poroshenko pediu "calma" aos 20 milhões de clientes do PrivatBank, que passou para a esfera estatal esta noite, depois de não cumprir o programa de recapitalização. O Estado pode ter de entrar com 4.500 milhões de euros para salvar o banco e o BERD admite entrar no capital depois do resgate.
O presidente da Ucrânia garantiu esta segunda-feira de manhã aos 20 milhões de clientes do PrivatBank – o maior banco privado do país, nacionalizado nas últimas horas - que os seus depósitos estão seguros, tendo pedido ao parlamento garantias adicionais de protecção.
As palavras de Petro Poroshenko, citadas pela Reuters e onde se pede "calma", foram acompanhadas de declarações do primeiro-ministro do país, Volodymyr Groysman, que pediu aos deputados urgência na aprovação do Orçamento do Estado para 2017, onde estão previstos 4,5 mil milhões de euros para a operação.
O resgate ao PrivatBank pretende proteger o sistema financeiro do país - há dois anos marcado por instabilidade política e pela crise económica que se sucedeu ao afastamento do Governo pró-russo -, depois de o plano de recapitalização não ter sido concluído, deixando em aberto necessidades de cerca de 5.400 milhões de euros.
O movimento é apoiado pelos credores internacionais, que vêem na resolução do problema uma condição para libertarem – nomeadamente o FMI - mais financiamento à economia do país, no âmbito dos 17,5 mil milhões de dólares (16,7 mil milhões de euros à cotação actual).
"A decisão das autoridades ucranianas (...) é um passo importante nos seus esforços de salvaguardar a estabilidade financeira. (...) Garantir que todos os bancos cumprem os requisitos de capital e regulatórios é essencial para manter a confiança pública no sistema bancário," afirmou Christine Lagarde, a directora-geral do FMI, em comunicado, reclamando ainda a indicação de uma "administração independente" que recupere a viabilidade do banco e mininize o custo para o Estado e os contribuintes.
A oposição contesta a nacionalização, acusando a solução de fazer os ucranianos "pagarem dos seus bolsos por estes erros," e de este ser o "maior roubo do milénio do Orçamento do Estado."
Considerado grande de mais para falir, as dificuldades do PrivatBank resultam da exposição de 97% da sua carteira de crédito empresarial a empresas ligadas aos seus accionistas, uma atitude que o banco central considerou "imprudente".
Os analistas destacam que a medida tomada pelo Governo acaba por atenuar as preocupações em torno do sector financeiro e que os mercados vão estar atentos à quantidade de capital que o Estado terá de injectar.
O resgate vai envolver desde já os obrigacionistas do banco, além de obrigar à emissão, pelo Estado, de 43 mil milhões de grívnias em nova dívida (1.570 milhões de euros à cotação actual). Assim que as contas do banco estiverem equilibradas, o Ministério das Finanças diz que o objectivo é pô-lo à venda.
O Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD) admitiu poder entrar no capital da instituição caso a recapitalização e a resolução da carteira de créditos problemáticos sejam bem-sucedidas, afirmou um responsável do BERD.
"Se tivermos sorte, podemos começar a olhar para isso em 2017. Se correr bem, podemos [entrar no capital], mas se não acontecer [durante esse ano], pode ser mais tarde," afirmou Frances Malige o responsável regional com responsabilidade sobre a operação na Ucrânia.
(Notícia actualizada às 12:39 com declarações de Christine Lagarde)