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Ministros conservadores forçam saída de May e dão prazo de três meses

O The Guardian avança que vários membros do governo conservador liderado por Theresa May vão tentar forçar a saída da primeira-ministra num prazo de três meses, caso contrário ameaçam com moção de censura. Objetivo é que seja outro primeiro-ministro a negociar próxima fase do processo do Brexit.

EPA
22 de Fevereiro de 2019 às 17:12
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Está cada vez mais difícil a vida da primeira-ministra do Reino Unido, com Theresa May a enfrentar agora a maior revolta no seio do executivo conservador desde que chegou a Downing Street. De acordo com o The Guardian, vários ministros do governo britânico querem forçar o afastamento de May e definem como prazo-limite os próximos três meses. Se a líder do Partido Conservador não ceder, estes governantes admitem colocá-la perante uma moção de censura no parlamento antes do final deste ano.

Estes opositores da líder dos "tories" estão descontentes com a gestão do processo do Brexit feita por Theresa May e querem que, depois de concluída a atual fase negocial com Bruxelas, a primeira-ministra abandone a liderança do governo. Depois da forte contestação interna que levou ao chumbo do acordo de saída negociado por May com a União Europeia, a primeira-ministra prometeu afastar-se na sequência das eleições gerais previstas para 2022. Contudo, alguns dos mais relevantes membros do executivo não parecem dispostos a esperar até lá.

Ainda assim, os três meses considerados permitiriam que May continuasse como líder do governo até 2 de maio, data de eleições autárquicas no Reino Unido. Resta saber se Theresa May está disposta a ceder tendo em conta a sua pretensão de sair de Downing Street só depois de concluída a saída britânica da UE e de negociados os pressupostos da relação futura Londres-Bruxelas - o que lhe garantiria o pretendido legado político.

O avolumar da pressão sobre a primeira-ministra acontece numa altura em que a divisão no Partido Conservador entre "hard brexiters", "soft brexiters" e "remainers", aliada à atitude de May relativamente ao Brexit, ameaça erodir os "tories". Divisões que esta semana levaram à saída de três deputados do grupo parlamentar "torie". Também segundo o The Guardian avançou na quinta-feira, depois da cisão daqueles três parlamentares, alguns ministros ameaçaram May com uma rebelião caso a primeira-ministra não aceite colocar liminarmente de parte um eventual cenário de Brexit sem acordo.

Aqueles deputados conservadores juntaram-se aos sete deputados que saíram do Partido Trabalhista num Grupo Independente favorável à realização de um novo referendo sobre a permanência no bloco europeu.


Por outro lado, o crescendo de pressão sobre a líder conservadora surge a poucos dias de uma semana decisiva para o processo do Brexit, já que Theresa May comprometeu-se a levar a votação na Câmara dos Comuns um acordo de saída revisto. Se não o fizer, prometeu que daria oportunidade aos deputados para reabrirem a discussão parlamentar sobre os moldes da saída da UE.

A dificultar ainda mais as pretensões de May, 25 membros do governo britânico mostram disponibilidade para votarem a favor de uma emenda à moção que é discutida na quarta-feira no parlamento e que insta a primeira-ministra a adiar o Brexit a fim de garantir que a saída não acontece de forma desordenada.

Já os ministros que agora exigem o afastamento de Theresa May, e que são defensores da saída da União, acreditam que há possibilidades de o Brexit se consumar como previsto no próximo dia 29 de março, o que permitiria aos conservadores apresentarem-se de "cara lavada" às eleições locais de maio. 

Mesmo que todas as questões tenham como pressuposto o Brexit, parte da pressão sobre a primeira-ministra não decorre necessariamente da forma como este processo tem sido gerido mas também das divisões e lutas de poder que há muito decorrem nos corredores do Partido Conservador.

May desmultiplica-se em contactos para obter cedência de Bruxelas

Estes movimentos divisionistas acontecem ainda em paralelo ao esforço de Theresa May para convencer os líderes europeus a darem garantias vinculativas acerca do carácter temporário do mecanismo de salvaguarda (backstop) para evitar uma fronteira rígida entre as duas Irlandas. Este domingo, a governante vai reunir-se com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em Sharm el-Sheikh, Egito. Nas duas últimas semanas, May conversou com 26 dos 27 líderes dos Estados-membros da UE, segundo revelou Downing Street.

Apesar de tantas más notícias e de uma fonte europeia, citada pela Reuters, ter refreado as expectativas quanto a um acordo na reunião entre May e Tusk, esta quinta-feira foi noticiado que o Reino Unido e a UE estão mais próximas de obter um compromisso capaz de evitar uma saída desordenada.

Na reunião de ontem entre o ministro britânico do Brexit, Stephen Barclay, e o chefe da missão negocial europeia para o Brexit, Michel Barnier, ganhou força a possibilidade de uma "declaração vinculativa paralela" (ou "instrumento interpretativo") ao tratado jurídico que enquadra a saída britânica da UE e à declaração política que define os princípios que devem nortear a relação futura Londres-Bruxelas, uma hpótese que permitiria assegurar as garantias legais sobre o backstop exigidas pelo parlamento britânico

(notícia atualizada às 18:25)
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