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May reconhece que continua sem apoio para levar acordo de saída a terceira votação
Em declarações no parlamento, a primeira-ministra britânica admitiu que continua sem recolher os apoios necessários a aprovar o acordo de saída negociado com Bruxelas. Ainda assim, Theresa May insiste numa terceira votação ainda esta semana.
No regresso ao parlamento, Theresa May reconheceu que nesta altura continua sem recolher os apoios necessários à aprovação pelos deputados britânicos do acordo de saída negociado com Bruxelas e cujas duas primeiras versões foram chumbadas na Câmara dos Comuns. No entanto, a primeira-ministra britânica assegura que vai continuar em conversações para obter apoios aos termos do divórcio acordados com a União Europeia de forma a tornar possível que a terceira votação tenha lugar ainda nesta semana.
"Continuo a acreditar que o caminho correto para seguir em frente passa por o Reino Unido sair da UE o mais cedo possível e com um acordo [de saída], agora ou a 22 de maio", afirmou no parlamento citada pela Reuters e acrescentando ser com "grande desgosto" que conclui não ter ainda o apoio suficiente para assegurar a aprovação do acordo de saída.
Numa declaração em que começou por recordar que, na carta enviada há uma semana para o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, solicitou a Bruxelas um curto adiamento do Brexit por forma a que este se concretizasse como já previsto na lei a 29 de março próximo, a primeira-ministra do Reino Unido fez depois questão de frisar que face ao impasse atual era necessário salvaguardar o conjunto do Reino Unido e evitar uma saída sem acordo devido aos riscos desta para a Irlanda do Norte.
A líder dos "tories" adiantou ainda que dará instruções para que os deputados conservadores votem contra a proposta do também "torie" Oliver Letwin que propõe levar a cabo votações indicativas sobre o caminho a seguir doravante no processo do Brexit. Por outro lado, May afiançou que vai continuar a manter negociações "construtivas" no parlamento a fim de desbloquear o atual impasse. Estão previstas para esta quarta-feira votações indicativas para determinar o guião do Brexit e alternativas ao plano de May.
Nesta intervenção na Câmara dos Comuns, a contestada primeira-ministra confirmou também que Downing Street está a trabalhar para alterar a lei britânica que prevê o a concretização da saída da UE a 29 de março, tornando as 23:00 de 12 de abril como a nova data oficial. E frisou que mesmo que o parlamento venha a votar em sentido contrário à alteração, esta terá de acontecer porque está já prevista num acordo previsto pelo direito internacional.
Note-se que apesar de ter pedido aos líderes europeus a extensão do artigo 50.º do Tratado de Lisboa até 30 de junho, o Conselho Europeu da semana passada determinou que a consumação do Brexit será condicionada: se o acordo de saída for aprovado na semana em curso, então o Brexit acontece a 22 de maio (o último dia antes do início das eleições europeias); mas se voltar a ser rejeitado pelo parlamento britânico, o que nesta altura é o cenário mais provável, Londres tem ate 12 de abril para apresentar uma nova solução a Bruxelas, caso contrário a saída acontece mesmo nesse dia e sem acordo.
Apesar da contagem decrescente garantir cada vez menos margem temporal para evitar uma saída desordenada, e numa altura de reforço da pressão no seio do Partido Conservador para substituir May por um primeiro-ministro interino, os unionistas norte-irlandeses (DUP), que apoiam o governo conservador no parlamento, já vieram avisar que a oposição aos termos do divórcio se mantém inalterada, pelo que não irão votar a favor do acordo de saída numa eventual terceira votação.
Já na parte do debate parlamentar, e questionada pela deputada trabalhista Yvette Cooper sobre se estaria disponível para negociar uma união aduaneira com a UE como defendido pelo líder do "labour", Jeremy Corbyn, a primeira-ministra rejeitou liminarmente essa opção mesmo no caso de tal cenário ser votado favoravelmente pela Câmara dos Comuns.
Terça e quinta-feira são as datas possíveis para a realização de um terceiro voto significativo ao acordo de saída negociado por May com os líderes europeus, sendo que desta feita o governo britânico já garantiu que só colocará o plano a votação se tiver os apoios necessários à respetiva aprovação. Sexta-feira, dia 29 de março, continua a ser a data prevista para consumar a saída da UE, tendo de ser aprovada a legislação necessária que altere a data para 12 de abril.
Pela sua parte, a UE garantiu hoje estar plenamente preparada para enfrentar um Brexit desordenado, cenário que considera ser cada vez mais real.
(Notícia atualizada às 16:40)