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Joseph Stiglitz, Nobel da Economia: "Na área dos impostos, a Irlanda não se comportou bem"

Joseph Stiglitz, Nobel da Economia em 2001, criticou a Irlanda pela sua política fiscal que provocou perdas de receitas em impostos noutros países da União Europeia.

Bloomberg
20 de Setembro de 2019 às 13:01
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O economista Joseph Stiglitz, Nobel da Economia de 2001, criticou severamente a Irlanda numa conferência de imprensa dada esta quinta-feira, 19 de setembro, sobre a tributação das empresas multinacionais, nomeadamente das gigantes tecnológicas. 

"Na área dos impostos, a Irlanda não se comportou bem, seja para o mundo seja para os seus próprios cidadãos, ou para os cidadãos da União Europeia", afirmou o Nobel da Economia e professor da Universidade de Columbia, citado pelo Irish Times.

Numa altura em que a Apple contesta em tribunal a decisão da Comissão Europeia de obrigar a empresa a devolver 13 mil milhões de euros em impostos devidos à Irlanda (país que também contesta a decisão), Joseph Stiglitz põe-se ao lado de Bruxelas na crítica ao regime fiscal acordado entre a Apple e a Irlanda.

Para o economista "não se está a ser um bom cidadão quando se tenta roubar o vizinho". "O que a Irlanda fez foi tentar ficar com a receita que de outra forma teria ido para outros países europeus", explicou Stiglitz, referindo que a Apple ficou "muito contente" com essa tentativa dado que reduziu a fatura fiscal das operações na UE.

"Quem paga [a fatura da política fiscal irlandesa]?", questionou, referindo-se aos acordos fiscais com gigantes tecnológicas e o IRC de 12,5%. "O resto da Europa está a pagar. Não se deveria fazer isso aos nossos vizinhos, aos nossos parceiros na União Europeia", respondeu Stiglitz, acusando a Irlanda de ser um "paraíso fiscal" e de "não ser um bom cidadão" da União Europeia.

"O país precisa do dinheiro"
Contudo, momentos depois, segundo o Irish Times, Joseph Stiglitz atenuou o tom: "Fui um pouco demasiado duro no que disse sobre a Irlanda", confessou. "Fiquei um pouco chocado quando [a Irlanda] rejeitou os 13 mil milhões de euros da Apple. O país precisa do dinheiro", disse o economista. 

Na opinião de Stiglitz, a visão de que aceitar os impostos de volta, tal como decidido pela Comissão Europeia, iria afetar a reputação da Irlanda "foi totalmente errada. "A não ser que a Irlanda queira ter confirmada a reputação de um paraíso fiscal", atirou.

O economista também rejeitou o argumento de que a Irlanda é um pequeno país com poucos recursos naturais e indústria, precisando do investimento de multinacionais para prosperar e daí implementar uma política fiscal agressiva.

É "falso", afirmou, argumentando que a literatura mostra que os "recursos naturais não são a base do crescimento económico" e que a indústria constrói-se onde há "pessoas bem letradas, boas infraestrutras". Stiglitz deu o exemplo de países como o Japão e a Coreia do Sul que seguiram essa estratégia.
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