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Franceses voltam às urnas em seis dias. E agora?

Depois de um resultado histórico, a Frente Nacional de Marine Le Pen está bem posicionada para uma segunda volta nas regionais. Sarkozy já descartou acordos com os socialistas e estes, por sua vez, fizeram recuar candidatos em algumas regiões para travar a ascensão da extrema-direita.

Reuters
07 de Dezembro de 2015 às 11:27
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A segunda volta das regionais francesas acontece a 13 de Dezembro. Os franceses voltam às urnas depois de um resultado histórico da extrema-direita, liderada por Marine Le Pen (na foto). Um resultado de peso nas regionais pode pavimentar o caminho para que a corrida às presidenciais de 2017 seja uma disputa a três, ameaçando a alternância dominante entre socialistas e conservadores.

 

A Frente Nacional (FN, extrema-direita) venceu este domingo, 6 de Dezembro, em pelo menos seis regiões em 13 na primeira volta das eleições regionais, com um resultado nacional recorde de 28%. Nas regionais de 2010 tinha obtido 11%. Os Republicanos de Sarkozy ficaram em segundo lugar, com 27%, enquando os socialistas do presidente Hollande obtiveram apenas 23,3%.

 

A FN ultrapassou largamente a oposição de direita moderada e os socialistas do presidente François Hollande em três regiões decisivas a norte (Nord-Pas-de-Calais-Picardie), onde se apresentou a sua presidente Marine Le Pen; no sudeste (Provence-Alpes-Côte d'Azur), onde a campanha foi conduzida pela sua sobrinha Marion Maréchal-Le Pen; e no leste (Alsácia-Champagne-Ardenas-Lorena), com o estratega do partido, Florian Philippot.

Marine Le pen obteve na sua região mais de 40% do votos, à frente da oposição de direita e dos socialistas. A sua sobrinha, Marion Maréchal-Le Pen, conseguiu um resultado ainda mais favorável, ao ter entre de 41,2% a 42,9% dos votos, com larga vantagem face à direita e os socialistas.

Escreve a Reuters que os olhos de Marine Le Pen estão colocados nas eleições presidenciais e parlamentares de 2017. A Frente nacional já havia conquistado no passado a liderança de algumas cidades francesas, mas nunca de uma região inteira. O partido mudou de estratégia desde que Marine Le Pen assumiu a sua liderança, em 2011, procurando construir uma base local de representantes eleitos com vista a impulsionar a conquista de esferas mais altas de poder, escreve a Reuters.

Enquanto a Frente Nacional está bem colocada para ganhar uma ou mais regiões na segunda volta de 13 de Dezembro - especialmente depois de Marine Le Pen arrecadar mais de 40% dos votos no norte do país -, o partido socialista decidiu responder a esta ameaça retirando os seus candidatos em pelo menos duas regiões decisivas para "impedir" uma vitótia da extrema-direita.

O partido socialista alega que está a levantar "uma barricada" à extrema-direita, optando, assim, por retirar os seus candidatos nas regiões onde está pior posicionado, afim de potenciar a concentração de votos. No entanto, as sondagens dizem que Le Pen pode ganhar nestas regiões mesmo com o recuo dos socialistas.

O ex-presidente Nicolas Sarkozy, por seu turno, já descartou a possibilidade de chegar a acordo com os socialistas de Hollande para travar a extrema-direita. O partido conservador republicado de Sarkozy ficou em segundo lugar na primeira volta das eleições regionais deste domingo em França, atrás da Frente Nacional e à frente dos socialistas.

Os conservadores e os seus aliados lideram em quatro regiões, incluindo Paris, e os socialistas em três. Nas regiões em que nenhum candidato obteve mais de 50%, terá de se realizar uma segunda volta com todos as listas que obtiveram mais de 10% dos votos. Assim, apesar de Le Pen ter vencido em seis das 13 regiões francesas, as sondagens indicam que a Frente Nacional poderá sair vitoriosa em apenas duas regiões, escreve a Bloomberg.

Sarkozy, que apenas há algumas semanas esperava uma vitória sonante que impulsionasse a sua corrida às presidenciais de 2017, depara-se agora uma vitória de menor dimensão na segunda volta face à crescente popularidade da Frente Nacional.

Os socialistas, que venceram em todas as regiões excepto uma em 2010, enfrentam agora pesadas perdas na segunda volta, sendo que a sua decisão de recuar em algumas regiões para impedir a conquista do poder pela extrema-direita lhes pode vir a fazer ganhar alguma simpatia do eleitorado no futuro.

Cerca de 44,6 milhões de eleitores foram chamados às urnas nestas eleições. A taxa de participação rondou hoje os 50%, uma forte subida face ao escrutínio regional de 2010, então assinalado por forte abstenção. A segunda volta deverá ter lugar no próximo domingo, 13 de Dezembro. 

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