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Eurodeputado que acha mulheres menos inteligentes fica sem ajudas de custo por 30 dias
Presidente do Parlamento Europeu impôs três penalidades e diz que se trata de sanções de uma "severidade sem precedentes".
O Presidente do Parlamento Europeu (PE), Antonio Tajani, anunciou nesta terça-feira, 14 de Março, ter imposto "sanções de uma severidade sem precedentes" ao eurodeputado polaco que recentemente defendeu que a desigualdade salarial entre géneros se deve ao facto de as mulheres serem menos inteligentes do que os homens.
O polaco Janusz Korwin-Mikke perderá as ajudas de custo diárias durante 30 dias, verá suspensa a sua participação em todas as actividades do Parlamento durante dez dias e fica proibido de representar o PE durante um ano.
"Não irei tolerar este tipo de comportamento, em particular de quem deveria, com dignidade, representar os cidadãos europeus", afirmou o Presidente Tajani na sessão plenária, que decorre em Estrasburgo.
Tajani apresentou ainda as suas desculpas aos que se sentiram ofendido pelas declarações do deputado visado, sublinhando que não irá tolerar comportamentos desta índole.
No início de Março, Janusz Korwin-Mikke disse no PE que as mulheres "devem ganhar menos" do que os homens, porque são "mais fracas, pequenas e menos inteligentes".
O comentário sexista do fundador do partido de extrema-direita e eurocéptico Coligação para a Renovação da República teve imediatamente resposta de outros membros do Parlamento Europeu, designadamente de uma eurodeputada espanhola, que o consideraram "insultuoso".
Para justificar o seu ponto de vista, Janusz Korwin-Mikke, eurodeputado independente desde 2014, referiu o facto de as mulheres ficarem mal classificadas em campeonatos de xadrez. "Sabe que lugares ocupavam as mulheres nas Olimpíadas gregas? A primeira mulher, digo-lho, ficou em 800.º lugar. Sabe quantas mulheres há entre os primeiros cem jogadores de xadrez? Eu digo-lhe: nenhuma. É claro que as mulheres devem ganhar menos do que os homens porque são mais fracas, mais pequenas e menos inteligentes e devem ganhar menos, é tudo," afirmou.
De acordo com o Politico, Kowin-Mikke é um eurocéptico e pró-Putin, conhecido pelas suas intervenções polémicas, nomeadamente contra as mulheres. O El País fala de um defensor da monarquia e da pena de morte, que foi candidato às presidenciais no seu país. Já por duas vezes (em 2012 e 2015) foi alvo de suspensão e multa no Parlamento Europeu, primeiro por comentários contra os negros e por ter feito a saudação nazi dentro do plenário.