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Durão Barroso: Brexit "tem sido mais vacina do que contaminação" do eurocepticismo
O antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso considera que o Brexit "tem sido mais vacina do que contaminação" do eurocepticismo nos países europeus e rejeitou a desintegração da União Europeia.
"As pessoas estão à espera que a Europa se desintegre por causa da dificuldade de juntar países tão diferentes e esperam que o Brexit contribua. Mas, até agora, o Brexit tem sido mais vacina do que infecção", afirmou Durão Barroso numa palestra intitulada "A União Europeia e o Panorama Internacional em Mudança" na Faculdade de Economia da Universidade City, em Londres.
O português invocou "opiniões públicas europeias de países considerados semelhantes darem mais apoio à UE desde que o Brexit foi anunciado porque têm receio da instabilidade".
Por outro lado, refutou a hipótese de maior integração política, garantindo: "Não vamos ter os Estados Unidos da Europa no futuro próximo".
Na sua opinião, o modelo europeu vai continuar a ser "incremental", ou seja, vai dando passos e tomando decisões de acordo com as circunstâncias. "Por vezes é uma confusão, é extremamente frustrante e morosa, tomando decisões de forma contraditória, mas essa é provavelmente a forma mais eficaz de tomar decisões num grupo de 28 ou 27 países".
Admitindo que a UE não é perfeita e tem "muitas falhas", como ele próprio viveu de perto, Durão Barroso levantou a questão: "Seria melhor estarmos divididos e cada um dos 28 países ir para seu lado?"
Na sua opinião, "a UE deve ser orgulhosa daquilo que alcançou". E acrescentou: "Quando vemos o que se passa no mundo, os ataques aos direitos humanos, as situações terríveis que se observam por todo o mundo, penso que temos razões para este orgulho na europa e um optimismo moderado no futuro".
Sobre a moeda única europeia, defende que esta "precisa de avançar em termos de integração", como um futuro sistema europeu de garantia de depósitos.
"Não penso que possamos ter uma moeda comum estável a longo prazo sem uma garantia de depósitos comum, mas vai ser incremental", estimou. Porém, avisou, quaisquer medidas "é melhor fazê-las antes que venha uma nova crise".