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Bulgária é a nova Grécia? País acusado de manipular estatísticas para empolar PIB
O gabinete de estatísticas búlgaro está a ser acusado de manipular as estatísticas para maquilhar o crescimento económico e o banco central terá já reconhecido o erro. O Eurostat não comenta o caso, mas garante que fará o habitual controlo de qualidade.
A oposição búlgara denunciou um erro nas estatísticas da balança de pagamentos que está a empolar o crescimento económico. A denúncia foi feita por dois deputados, Rumen Gechev e Maya Manolova, do Partido Socialista búlgaro, que é oposição ao partido conservador que governa o país, e foi noticiada esta quinta-feira, 27 de fevereiro, pelo site europeu Euroactiv.
Contactadas pelo Negócios, as instituições europeias evitam responder diretamente sobre o caso. O Eurostat afirma apenas que, tal como faz para todos os Estados-membros, irá realizar "os controlos de qualidades habituais nos dados da balança de pagamentos" antes de estes serem publicados. Estes números búlgaros deverão ser recebidos no Luxemburgo, sede do gabinete de estatísticas europeu, até 25 de março.
O alerta para as instituições europeias foi dado na quarta-feira pela deputada búlgara Maya Manolova, ex-Provedora da Justiça na Bulgária, que pediu ao Eurostat para verificar os números do Instituto Nacional de Estatísticas búlgaro. No pedido enviado ao comissário europeu Paolo Gentiloni e à diretora do Eurostat, a búlgara Mariana Kotseva, Manolova diz que a última vez que as estatísticas foram alvo de uma inspeção foi há mais de cinco anos.
A Comissão Europeia confirmou que o comissário Gentiloni recebeu a carta com a denúncia e que "irá responder oportunamente". "De forma geral, podemos acrescentar que a independência e a fiabilidade dos gabinetes de estatísticas em todos os Estados-membros é um pilar chave do funcionamento adequado da União Económica e Monetária. É por isso que o Eurostat faz controlos de qualidades regularmente", responde um porta-voz do braço executivo da União Europeia.
De acordo com o Euroactiv, o banco central da Bulgária, que também é responsável pelos dados da balança de pagamentos (onde se inclui a balança comercial, por exemplo), reconheceu que houve "erros e omissões" nesses números num total de 3,3 mil milhões de euros, o que equivale a mais de 6% do PIB da Bulgária. O problema está relacionado com a contabilização das importações de produtos petrolíferos, o que contribui de forma negativa para o PIB, diminuindo o crescimento económico.
Em concreto, Maya Manolova acusa o gabinete de estatísticas do seu país de "disseminar informação falsa" que sugere que o país está a crescer rapidamente, e de anunciar um "recorde, mas enganador, excedente das contas externas de quase 10% do PIB".
Segundo o outro deputado, Rumen Gechev, se os dados forem corrigidos, o crescimento do PIB búlgaro será revisto de 3,7% para um intervalo entre 0,8% a 1%. Gechev acusou também o primeiro-ministro Boyko Borissov e o ministro das Finanças Vladislav Goranov de ignorarem o problema, apesar de terem conhecimento do mesmo.
O jornal europeu refere que se espera que o erro seja corrigido a 5 de março.
Entrada no euro assombrado por caso semelhante à Grécia?
A Bulgária, que é o Estado-membro mais pobre, é o país da União Europeia mais avançado no processo de integração na Zona Euro. Contudo, este caso poderá somar reticências aos países que já duvidam da capacidade búlgara de se aguentar com a moeda única, temendo que o país siga o mesmo caminho da Grécia.
Em 2010, o Eurostat identificou uma série de irregularidades nas estatísticas gregas, nomeadamente no famoso caso em que a Grécia foi ajudada pelo Goldman Sachs a maquilhar as contas públicas. Uma situação de menor dimensão ocorreu em Portugal com o caso da Administração Regional da Madeira que não reportou um buraco de 1,1 mil milhões de euros, o qual viria a ser identificado pelo INE e pelo Banco de Portugal em 2011.
Questionados pelo Negócios, nem a Comissão Europeia nem o Banco Central Europeu - que são os atores principais neste processo de integração no euro - deram esclarecimentos sobre este tema.
Em fevereiro, o Governo búlgaro anunciou que a adesão ao mecanismo pré-euro de taxa de câmbio (ERM II) - que serve para preparar um país para a entrada - foi adiada para julho. O país terá de participar nesse mecanismo com sucesso durante pelo menos dois anos antes de se qualificar à adesão ao euro. A futura adesão à Zona Euro terá de passar pelo crivo do Parlamento Europeu, do Conselho Europeu (Estados-membros), do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia.
Contactadas pelo Negócios, as instituições europeias evitam responder diretamente sobre o caso. O Eurostat afirma apenas que, tal como faz para todos os Estados-membros, irá realizar "os controlos de qualidades habituais nos dados da balança de pagamentos" antes de estes serem publicados. Estes números búlgaros deverão ser recebidos no Luxemburgo, sede do gabinete de estatísticas europeu, até 25 de março.
A Comissão Europeia confirmou que o comissário Gentiloni recebeu a carta com a denúncia e que "irá responder oportunamente". "De forma geral, podemos acrescentar que a independência e a fiabilidade dos gabinetes de estatísticas em todos os Estados-membros é um pilar chave do funcionamento adequado da União Económica e Monetária. É por isso que o Eurostat faz controlos de qualidades regularmente", responde um porta-voz do braço executivo da União Europeia.
De acordo com o Euroactiv, o banco central da Bulgária, que também é responsável pelos dados da balança de pagamentos (onde se inclui a balança comercial, por exemplo), reconheceu que houve "erros e omissões" nesses números num total de 3,3 mil milhões de euros, o que equivale a mais de 6% do PIB da Bulgária. O problema está relacionado com a contabilização das importações de produtos petrolíferos, o que contribui de forma negativa para o PIB, diminuindo o crescimento económico.
Em concreto, Maya Manolova acusa o gabinete de estatísticas do seu país de "disseminar informação falsa" que sugere que o país está a crescer rapidamente, e de anunciar um "recorde, mas enganador, excedente das contas externas de quase 10% do PIB".
Segundo o outro deputado, Rumen Gechev, se os dados forem corrigidos, o crescimento do PIB búlgaro será revisto de 3,7% para um intervalo entre 0,8% a 1%. Gechev acusou também o primeiro-ministro Boyko Borissov e o ministro das Finanças Vladislav Goranov de ignorarem o problema, apesar de terem conhecimento do mesmo.
O jornal europeu refere que se espera que o erro seja corrigido a 5 de março.
Entrada no euro assombrado por caso semelhante à Grécia?
A Bulgária, que é o Estado-membro mais pobre, é o país da União Europeia mais avançado no processo de integração na Zona Euro. Contudo, este caso poderá somar reticências aos países que já duvidam da capacidade búlgara de se aguentar com a moeda única, temendo que o país siga o mesmo caminho da Grécia.
Em 2010, o Eurostat identificou uma série de irregularidades nas estatísticas gregas, nomeadamente no famoso caso em que a Grécia foi ajudada pelo Goldman Sachs a maquilhar as contas públicas. Uma situação de menor dimensão ocorreu em Portugal com o caso da Administração Regional da Madeira que não reportou um buraco de 1,1 mil milhões de euros, o qual viria a ser identificado pelo INE e pelo Banco de Portugal em 2011.
Questionados pelo Negócios, nem a Comissão Europeia nem o Banco Central Europeu - que são os atores principais neste processo de integração no euro - deram esclarecimentos sobre este tema.
Em fevereiro, o Governo búlgaro anunciou que a adesão ao mecanismo pré-euro de taxa de câmbio (ERM II) - que serve para preparar um país para a entrada - foi adiada para julho. O país terá de participar nesse mecanismo com sucesso durante pelo menos dois anos antes de se qualificar à adesão ao euro. A futura adesão à Zona Euro terá de passar pelo crivo do Parlamento Europeu, do Conselho Europeu (Estados-membros), do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia.