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Bloco e PCP criticam alinhamento de PS com a direita na eleição de Von der Leyen
O eurodeputado do Bloco de Esquerda José Gusmão acusou os socialistas de terem perdido a oportunidade de serem determinantes na escolha do presidente da Comissão Europeia, enquanto o PCP alertou para a promessa por cumprir do primeiro-ministro, António Costa.
"O facto mais significativo desta votação é que as forças políticas em que António Costa esperava que pudesse assentar uma viragem das políticas europeias, a tal aliança progressista de que tanto ouvimos falar, foram as mesmas que fizeram pender os pratos da balança para uma solução que nos diz que tudo ficará na mesma, só que pior", defendeu o representante do BE.
Para José Gusmão, se a eleição da alemã Ursula Von der Leyen (na foto) para a presidência da Comissão Europeia foi "a primeira demonstração de que a aliança progressista tinha a fazer aos cidadãos europeus", esta serviu "para manter tudo na mesma e menorizar o papel do Parlamento Europeu" (PE), a única instituição "democrática" da União Europeia (UE).
"Lamentamos profundamente que o grupo dos socialistas tenha sido determinante nesta decisão, porque neste momento é absolutamente claro e transparente que se os socialistas se tivessem oposto à solução de Ursula von der Leyen haveria uma maioria no PE para impor uma solução de alguém que, pelo seu percurso político, desse garantias de um compromisso a sério com o combate às alterações climáticas, com a rutura com as políticas de austeridade que têm dominado a UE", salientou.
Em vez disso, de acordo com José Gusmão, o grupo dos Socialistas e Democratas, onde tem assento o PS, votou favoravelmente "uma candidata que surgiu com o apoio da direita do PE" e cujo "percurso político" motiva ao Bloco "as maiores preocupações de uma viragem militarista dentro da UE".
Já João Ferreira, do PCP - o outro dos parceiros parlamentares do Governo de António Costa -, considerou, em referência ao primeiro-ministro, que "quem promete uma aliança progressista e acaba a votar a favor de uma ministra da senhora Merkel" tem "uma entrada de leão e uma saída de sendeiro".
"Foi o que foi. Também aí não há propriamente diferenças: o Partido Socialista fez hoje o que tinha feito há cinco, há 10 e há 15 anos. O PS votou ao lado da direita, do PSD, do CDS, uma mesma candidata", apontou o eurodeputado comunista.
Quer o Bloco de Esquerda, quer o PCP, membros da Esquerda Unitária, votaram contra a nomeação de Von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia, enquanto a bancada dos Socialistas e Democratas anunciou que iria votar a favor.
A alemã foi hoje eleita para a presidência da Comissão Europeia pelo Parlamento Europeu, ao recolher no hemiciclo de Estrasburgo (França) 383 votos a favor, 327 contra, 22 abstenções e um nulo.
Os números significam que nem todos os eurodeputados das três maiores famílias políticas - o Partido Popular Europeu, os socialistas e os liberais do Renovar a Europa - deram o seu sim à nova presidente da Comissão, uma vez que os três grupos somam 444 eurodeputados.