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BCE confirma que vários bancos estão a pensar abandonar a City

Caso as negociações entre o Reino Unido e os demais países da UE não assumam a manutenção do acesso ao mercado europeu, a saída de bancos da City londrina pode começar a materializar-se no curto prazo, dentro de um ano.

Bloomberg
15 de Novembro de 2016 às 14:05
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Várias instituições financeiras estão a contactar o Banco Central Europeu (BCE) no âmbito dos seus planos de contingência para preparar uma eventual saída ou a deslocalização de parte das suas actividades da City londrina.


"Muitos bancos estão a pedir-nos entrevistas e reuniões para que possam identificar onde é que a nossa pressão [
prudencial] e métodos diferem" dos britânicos, afirmou Sabine Lautenschlaeger, membro da comissão executiva do BCE. "Claro que estamos a preparar-nos" para os pedidos de esclarecimento dos bancos, acrescentou, citada pela Reuters.

 

Confirmação de Frankfurt de que há bancos no terreno a preparar uma possível saída da City surge no dia em que o governador do Banco de Inglaterra, Mark Carney, admitiu no parlamento britânico que os movimentos de deslocalização possam começar a materializar-se  no curto prazo. Caso os empresários encarem como provável o cenário de "hard Brexit" (de ruptura profunda com o actual enquadramento do Reino Unido na UE) a saída de bancos deve começar a efectivar-se "18 meses antes" do prazo do divórcio terminar, disse o governador.

Na sequência do resultado do referendo de 23 de Junho, que determinou a vitória do "Brexit", a primeira-ministra Theresa May anunciou que em Março do próximo ano activará o artigo 50.º do Tratado de Lisboa. A partir desse momento, o relógio começa a contar e, à partida, o Reino Unido e os demais 27 Estados da UE têm dois anos - o que atira o calendário para Março de 2019 - para fazer o divórcio e acordar os termos de um novo relacionamento. 


É possível que a entrega do pedido de retirada da UE se atrase – segundo o tribunal superior britânico é o parlamento que detém essa competência, entendimento esse que está a ser contestado pelo governo junto do supremo – e existem dúvidas sobre se o executivo terá até lá conseguido desenhar uma estratégia de negociação abrangente e coerente. 

Segundo Theresa May, dar seguimento ao resultado do referendo  significa que o Reino Unido terá de voltar a controlar a sua política de imigração, rever a contribuição para os orçamentos da UE, assim como as condições de aplicação de regras do mercado único que sejam acordadas sem o envolvimento britânico.

Todas estas reivindicações tornam difícil manter o Reino Unido com livre acesso ao mercado único, o que terá implicações na City, hoje o centro financeiro, de facto, de toda a UE.


Mais de cinco mil entidades financeiras sedeadas no Reino Unido usam o "passaporte comunitário" para vender serviços noutros Estados-membros da União Europeia onde não têm filiais
ou sucursais. Perder esse passaporte é perder a "via verde" para um mercado de 450 milhões de consumidores.


Grandes bancos, como o Goldman Sachs, disseram em Outubro que poderão começar a deslocalizar recursos humanos da City no próximo ano se, logo no arranque das negociações do Brexit, não houver clareza sobre o  futuro grau de acesso do Reino Unido ao mercado único europeu.

Várias capitais europeias estão activamente a posicionar-se para atrair parte do negócio que está hoje em Londres. É sobretudo o caso de Frankfurt, onde está sedeado o BCE, mas também de Paris, Dublin, da cidade do Luxemburgo e de Madrid.

Segundo algumas estimativas, a City, com o seu acesso livre ao mercado europeu, rende cerca de 10 mil milhões de libras (quase 12 mil milhões de euros) por ano à economia britânica.

 

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