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Áustria já tem novo Governo que junta conservadores e verdes pela primeira vez

Os conservadores aliaram-se aos verdes para formar Governo na Áustria, o que acontece pela primeira vez.

Sebastian Kurz (à esquerda), chanceler austríaco que vai iniciar um segundo mandato com o apoio dos Verdes, liderado por Werner Kogler (à direira) Reuters
02 de Janeiro de 2020 às 10:28
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O conservador Sebastian Kurz vai continuar como chanceler da Áustria, desta vez com o apoio dos Verdes. O anúncio de que há acordo para uma coligação conservadores-verdes, que é inédito na União Europeia, foi feito esta quarta-feira, 1 de janeiro, ao final da noite. 

Três meses após as eleições de setembro terem dado a vitória sem maioria a Kurz, o chanceler austríaco garantiu o apoio dos Verdes e consegue assim um segundo mandato à frente dos destinos do país. Esta será a primeira vez que os Verdes estarão num Governo na Áustria.

A coligação ainda terá de ser formalizada por um congresso dos Verdes este sábado, 4 de janeiro, mas é expectável que seja dada a "luz verde" ao acordo, sendo possível que o presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, que já liderou os Verdes no passado, dê posse ao Governo já a 7 de janeiro.

Ao aliarem-se aos Verdes, os conservadores, que no passado adotaram um discurso contra a imigração, mudam radicalmente de parceiro de coligação e ficam vulneráveis à oposição dos partidos radicais. 

Anteriormente, Sebastian Kurz contava com o apoio do partido ultranacionalista FPÖ - conhecido pelas suas posições anti-imigração e xenófobas -, cujo líder esteve envolvido num escândalo que levou à queda do Governo e à realização de eleições antecipadas. 

Além disso, o chanceler austríaco poderá enfrentar resistência dentro da sua base de apoiantes - incluindo agricultores e a indústria que temem um aumento dos impostos 'verdes' - quando tiver de fazer cedências aos Verdes.

No entanto, para já pouco se sabe do programa do novo Governo, o qual deverá ser apresentado hoje à tarde. Sebastian Kurz argumentou que será possível conciliar as vontades dos dois partidos, dizendo apenas que "é possível baixar impostos e tornar o sistema fiscal mais ecológico" e que "é possível proteger o clima e as fronteiras". 

Quanto a ministérios, os Verdes deverão ficar com o Ministério dos Transportes, que terá mais poderes, e o Ministério da Justiça. O líder do partido, Werner Kogler, será vice-chanceler.

Esta coligação inédita entre conservadores e verdes está a ser vista na União Europeia como uma "fórmula" para afastar o populismo, colocando a luta contra as alterações climáticas no centro da agenda. 

É também esse o dilema que se vive na Alemanha numa altura em que a grande coligação (GroKo) entre os conservadores e os social-democratas treme. Os Verdes e o partido de extrema-direita AfD têm sido os que mais sobem nas intenções de voto e nas urnas.

"Este pode tornar-se num teste interessante para a Alemanha e também para a Europa: a primeira coligação conservadores-verdes", refere o economista-chefe da ING Alemanha, Carsten Brzeski, em declarações à Bloomberg.
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