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Acordo sobre fronteira irlandesa dificulta entendimento entre May e Juncker
Apesar dos avanços alcançados no fim-de-semana nas outras duas matérias que dificultam um entendimento sobre o Brexit, a primeira-ministra britânica não conseguiu chegar a acordo com o governo irlandês sobre a futura relação fronteiriça entre as duas Irlandas, May e Juncker têm almoço decisivo para o Brexit esta segunda-feira.
No dia em que termina o prazo dado por Bruxelas para que Londres clarifique a sua posição sobre as três questões que continuam a impedir um passo em frente nas negociações sobre o Brexit, a primeira-ministra britânica Theresa May garantiu avanços em duas áreas mas parece aquém do pretendido noutra.
O Guardian escreve esta segunda-feira, 4 de Dezembro, que Theresa May não conseguiu progressos nas negociações com o governo irlandês acerca da futura relação na fronteira entre as duas Irlandas. O Reino Unido não abdica do "Brexit duro" e não contempla a possibilidade de a Irlanda do Norte permanecer na União Aduaneira, o que facilitaria a gestão fronteiriça entre os dois países que, uma vez concretizada a saída britânica da União Europeia, pertencerão a dois blocos distintos: Dublin à UE e Belfast ao Reino Unido.
Este domingo, o ministro dos Negócios Estrangeiros e vice-primeiro-ministro da República da Irlanda, Simon Coveney, admitiu a falta de progressos nas conversações com o governo britânico e avisou que Dublin espera de Londres propostas "concretas" que até ao momento ainda não foram feitas. A intenção irlandesa passa por evitar controlos morosos de pessoas e mercadorias que diariamente atravessam a fronteira terrestre entre os dois países.
Já ao início desta manhã, o ministro Simon Coveney disse estar confiante de que poderão ser alcançados progressos na questão relacionada com a fronteira ainda esta segunda-feira.
No entanto, May não terá apenas más notícias para transmitir ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, no almoço marcado para esta segunda-feira, momento em que a primeira-ministra britânica terá de fazer uma proposta final sobre os três temas que afastam Londres e Bruxelas de um acordo.
De acordo com a BBC, o governo britânico poderá chegar junto de Juncker com boas notícias relativamente à chamada factura do divórcio e também aos direitos dos cidadãos europeus a residir no Reino Unido, e vice-versa, depois de consumado o Brexit.
A dificultar a tarefa de May está o acordo que permitiu aos conservadores garantirem o apoio dos unionistas ao governo minoritário dos tories na sequência das eleições deste ano. Os unionistas mantêm uma posição aparentemente inflexível acerca da futura relação com a República da Irlanda, rejeitando manter uma relação com Dublin diferente da que ficar consagrada para os restantes países que compõem o Reino Unido. As dúvidas fazem com que se tema o regresso à violência que marcou a relação antes do acordo de paz de 1998.
Na semana passada foi noticiado que Theresa May está disponível para pagar entre 45 e 55 mil milhões de euros para concretizar a saída do bloco europeu, um montante próximo dos 60 mil milhões exigidos por Bruxelas. Espera-se assim que a primeira-ministra proponha um valor em linha com as pretensões europeias.
Relativamente à questão dos direitos, a reunião familiar – familiares directos dos imigrantes – e a possibilidade de o Tribunal Europeu de Justiça continuar a ter jurisdição sobre o Reino Unido são os entraves que terão sido superados no passado domingo.
Após seis rondas negociais que não permitiram avanços nas conversações, Bruxelas definiu o dia 4 de Dezembro como limite máximo para que Londres clarifique até onde está disposta a ir. Só depois disso os líderes europeus terão a informação necessária para poderem, no Conselho Europeu de 14 e 15 de Dezembro, decidir sobre um eventual passo em frente para a "fase 2" das negociações do Brexit.
A pressão cresce de intensidade sobre Theresa May, que assumiu o compromisso de, em Março de 2019, levar o Reino Unido a abandonar a UE. Segundo escreve hoje a agência Reuters, antes de almoçar com May, Juncker vai reunir-se com Michel Barnier, o negociador europeu encarregado de chefiar as conversações com Londres.