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May fala hoje com unionistas e pode voltar amanhã a Bruxelas

A primeira-ministra britânica deverá voltar esta terça-feira aos contactos com o DUP, depois de ontem os unionistas terem alegadamente sido responsáveis por não se ter fechado acordo com Bruxelas sobre uma fronteira "ténue" entre as Irlandas.

Paulo Zacarias Gomes paulozgomes@negocios.pt 05 de Dezembro de 2017 às 11:49
Depois de ter deixado a mesa do almoço com Jean-Claude Juncker sem um acordo que garanta a passagem à segunda fase das negociações do Brexit – e com a questão fronteiriça entre as duas Irlandas a "azedar" a ementa – a primeira-ministra britânica deverá contactar esta terça-feira, 5 de Dezembro, com os unionistas da Irlanda do Norte para afinar posições antes de regressar à capital da União Europeia.

As conversações com o Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês) deverão acontecer nas próximas horas, para tentar um entendimento que permita evitar uma fronteira drástica entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda aquando da saída da UE. Ontem, terá sido este um dos pontos a travar um acordo entre Londres e Bruxelas, com os meios de comunicação social britânicos a avançarem que os unionistas – que suportam o Governo de May - bloquearam em cima da hora a proposta levada a Juncker.

O esboço apresentado pelo governo britânico defendia, contava o The Guardian, que "na ausência de soluções acordadas, o Reino Unido assegurará que continuará a haver um alinhamento regulatório" na Irlanda do Norte, numa alusão à manutenção dos princípios de mercado interno e união alfandegária. Uma chamada de última hora dos unionistas para May terá impedido uma proposta nestes termos e hoje o canal de televisão Sky News refere que o DUP não viu sequer o esboço que a primeira-ministra levou consigo.

Os unionistas rejeitam uma relação com Dublin que venha a ser diferente da que ficar consagrada para os restantes países que compõem o Reino Unido. Já o governo escocês insiste que, se forem oferecidas condições especiais à Irlanda do Norte, quer poder beneficiar de termos semelhantes.

Uma fonte oficial do governo britânico disse hoje, citado pela Reuters, que a primeira-ministra deverá regressar a Bruxelas ainda esta quarta-feira – ontem, Theresa May tinha manifestado a intenção de voltar a reunir com Juncker até ao final da semana. Confiante num acordo ainda esta semana – e por isso a tempo da próxima cimeira europeia, que se realiza a 14 e 15 de Dezembro – está também o ministro das Finanças britânico. Philip Hammond garantiu que as conversações continuam e vão permanecer durante todo o dia.

Esta segunda-feira terminava o prazo dado a Londres por Bruxelas para clarificar a posição sobre três questões que impedem o avanço para a segunda fase de negociações: a relação na fronteira entre as duas Irlandas, o valor da factura do divórcio e os direitos pós-Brexit dos cidadãos europeus a residir no Reino Unido e vice-versa.

Já hoje, a pedido dos trabalhistas, um ministro do Governo de May irá ao parlamento explicar os últimos desenvolvimentos no processo, no mesmo dia em que o presidente da associação internacional de companhias aéreas, a IATA, considerou que um brexit "duro" seria um "desastre" para as transportadoras britânicas, que ficariam impedidas de aterrar em países da União Europeia.

A reagir negativamente à incerteza em torno do processo de saída do Reino Unido da União Europeia continua a libra, que já teve esta terça-feira a maior descida desde 14 de Novembro, a recuar 0,73% face ao euro. A moeda de Sua Majestade desce agora 0,49% para 1,1304 euros. Já o índice londrino Footsie segue pouco alterado, a subir 0,01% para 7.339,49 pontos.

"As flutuações de ontem nas taxas de câmbio da libra foram apenas uma amostra do que está para vir," escreveu o Commerzbank numa nota enviada aos clientes e citada pela Reuters.
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